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quinta-feira, 24 de maio de 2012


Olhos de Ver

Não sei se por benção
ou por sina

Se dom herdado
ou carma reencarnado

Se hábito de infância
ou gosto adquirido

Memória coletiva
 
ou lembrança individual

Mas nasci
com olhos de ver o minuto
e ouvidos de escutar o instante.

Me cativam o olhar efemeridades do mundo.

Sol entrando por fresta de persiana
Vento brincando de textura em espelho d'água
Sombra de nuvem criando tons de verde na montanha

Me encantam os ouvidos ruídos do dia.

Barulho de edredom roçando no corpo
Vento assobiando em fresta de janela
Som de água ecoando dentro do crânio embaixo do chuveiro

Me surpreendem sensações da vida.
E deixo a alma fabricar momentos.

Sol esquentando pele recém-saída de ar condicionado.

Luz do dia batendo em pálpebra fechada
quando eu paro,
ali na esquina,
para um suspiro.

Porque suspiro bom
é suspiro de olhos fechados.

Em átimos de encanto
colhidos no dia,
paro o pensamento

Só para me deixar sentir
a sensação que dá
estar viva.

E celebro!

Maio de 2012

quarta-feira, 16 de maio de 2012



Bússolas

Você sabe o que te move?
Você sabe o que te brilha o olho?

Não, eu não estou falando de precisões.
Não me refiro a contas pagas.
Nem a três refeições diárias.
Muito menos ao teto sobre a tua cabeça.
Nem mesmo ao afeto nas tuas relações.
Eu não falo de humanidades!

Falo daquilo que te identifica,
do brilho da tua retina,
do que te mantém desperto,
do que te acende,
do que te move.

Vontades?
Não.Vontade é uma coisa que dá e passa.
Eu falo da tua paixão!

Você sabe mesmo o que te move?
Porque, se não sabe, não vai a lugar algum.
Ou pior: vai a qualquer lugar.

E, se já sabe, eu te pergunto agora:
Você sabe quem te é caro?
Você sabe quem te brilha o olho?

Porque, se não sabe...
Sabe aquele lugar onde você está indo...?

Bom...lugares são só lugares,
coisas são só coisas,
feito são só acontecimentos.

No fim das contas, o que nos faz felizes
não é o "aonde",
não é o" que",
não é nem o "como"

A vida toda da gente se resume
a "com quem".

(Flávia Côrtes – Maio de 2012)

www.poetaflaviacortes.com.br


Textos devidamente registrados na Biblioteca Nacional e protegidos quanto aos seus direitos autorais.

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Poesia Falada: Confira tudo sobre o CD no link Verso em Voz

Maiores informações: contato@poetaflaviacortes.com.br



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sábado, 12 de maio de 2012


Abracadabra

A esta altura dos acontecimentos,
muitas coisas aconteceram
e algumas
desaconteceram.

Exatamente
como é para ser.

Não dá para controlar
tudo o que acontece
na vida da gente.

Mas o que desacontece?

Desacontecimentos nos pertencem!

Só desacontece
o que a gente permite
que desaconteça.

Então, se não quer
que desaconteça,
não deixe
desacontecer!

E, se quer
que desaconteça,
faça você mesmo
o movimento mágico.

Não precisa uma cartola,
não precisa um coelho,
não precisa lenço colorido,
não precisa assistente!

Olhe calmamente
para dentro de si.

Prenda o olhar
em você mesmo.

Senhoras e senhores,
como podem ver,
nada nesta mão
e nada
na outra!

Abracadabra!

Flávia Côrtes - Maio de 2012
www.poetaflaviacortes.com.br



Pesquisa básica sobre a origem da palabra, para quem tiver curiosidade de ler...


Há muitas coisas legais na Wikipédia sobre a palavra "Abracadabra"... eu separei para vocês só o que gostei mais:

Abracadabra é uma palavra mística usada como encantamento e considerada por alguns a frase mais pronunciada universalmente em outras linguagens sem tradução.


Etimologia (ADOREI ISSO!!)

Existem hipóteses estreitamente relacionadas acerca de sua origem:

Uma possivel fonte é o Aramaíco:אברא כדברא avrah kahdabra que significa:

"Eu crio enquanto falo"

Outra possível fonte é do Hebreu: Aberah KeDabar: "Irei criando conforme falo"


História (AMEI ISSO!!)

A primeira menção conhecida à mesma foi feita no segundo século depois de Cristo , durante o governo de Septímio Severo, num poema chamado De Medicina Praecepta (em um tratado médico escrito em versos), pelo médico Serenus Sammonicus, ao imperador de Roma Caracalla, que prescreveu que o imperador usasse um amuleto com a palavra escrita num cone vertical para curar sua doença:


           A B R A C A D A B R A
            A B R A C A D A B R
             A B R A C A D A B
              A B R A C A D A
               A B R A C A D
                A B R A C A
                  A B R A C
                   A B R A
                    A B R
                     A B
                      A



De acordo com Godfrey Higgins, tinha origem em "Abra" ou "Abar", o deus Celta, e "Cad", que significa Santo. Era usado como um talismã, com a palavra gravado sobre um Kameas (Amuleto quadrado), transformando-se em um amuleto.

Segundo, Helena Petrovna Blavatsky, Higgins estava quase certo, o termo era uma corruptela da palavra gnóstica "Abraxas" e essa, por sua vez, era uma corruptela de uma palavra antiga sagrada copta ou egípcia, uma fórmula mágica que significava "não me firas", sendo que seus hieroglifos se referiam à divindade como "Pai". Era comumente utilizado sobre o peito sob as vestimentas.




Textos devidamente registrados na Biblioteca Nacional e protegidos quanto aos seus direitos autorais.
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segunda-feira, 7 de maio de 2012



Deixa eu te dizer um verso novo?

Um poema é sempre inédito.
Ainda que você já o tenha lido.


É por isso
que você nunca termina
de ler um livro de Poesia.

Cada leitura desvenda
algo novo.

Mas não foi
o poema
que mudou.

Cada letra
ainda é a mesma letra
que o poeta escreveu.

É o olhar de quem lê
que ilumina o verso
com outras cores
outras sombras
outros brilhos.

Novos significados descobertos.
Ou, quem sabe, os mesmos
em alguém, agora,
diferente de si mesmo.

E se encanta novamente
é porque
encanta
uma nova
mente

Somos nós
que, milagrosamente,
nos modificamos a cada instante.

No  momento
em que terminar de ler este poema,
você
já será outro.

E, no minuto exato,
em que eu terminar
de dizer este verso
eu
já serei outra.

Podemos, então, nós dois
recomeçar o verso
juntos.

E será um novo verso.

Um déjà vu encantado
da Poesia Humana.

Então,
deixa eu te dizer um verso novo?

Maio de 2012