Arquivo do blog

domingo, 28 de abril de 2013



(C)oração

Que a sua boa intenção
jamais ofusque
o seu bom senso.

Porque desde que o mundo é mundo
enche-se o inferno
de boa vontade.

Que a sua boa vontade
não te leve
à indelicadeza.

Se levas flores no peito,
não esqueças
de descalçar os coturnos.

Porque não é de hoje
que marcham exércitos
sobre terras santas.

Abençoadas as mães
que ensinam aos filhos:
"Obrigado!"
"Por favor!"
E "Desculpe-me!"

Lembra, então, Coração:
"Como é que se fala...?"


(Flávia Côrtes - abril de 2013)

www.poetaflaviacortes.com.br


Textos devidamente registrados na Biblioteca Nacional e protegidos quanto aos seus direitos autorais.


======================================================
Poesia Falada: Confira tudo sobre o CD no link Verso em Voz
Maiores informações: contato@poetaflaviacortes.com.br
======================================================

quinta-feira, 25 de abril de 2013



Motivos


Uma vez me perguntaram

porque eu amava alguém.

Deixei em branco a questão.


Se eu soubesse o motivo

era mais fácil desamar.

Eu só amava.


É que vida não é coisa de pensar

é coisa de viver.

A boa nova
é que a lua está bonita hoje
e fez luar em mim.

(Flávia Côrtes - Abril de 2013)

quarta-feira, 24 de abril de 2013



Vermelho-Céu

A saudade incendiou
as asas douradas da manhã
e tingiu de um vermelho poente
o raiar do dia.

A cidade sonolenta não viu
e, então, não precisou entender
o crepúsculo que incendiou o azul 
naquela manhã de outono.

Apenas dois
sabiam.

(Flávia Côrtes - Abril de 2013)






segunda-feira, 22 de abril de 2013


Nove Luas

Toda mulher,
não importa a idade,
leva dentro de si tantas
e tão outras.

Diferentes de si mesma.
E, ainda assim,
a mesma.

Ainda que o mundo
a veja uma,
toda mulher é muitas.

Algumas vezes,
ela mesma,
acostumada que é ao espelho,
fixa-se por muito tempo
em apenas uma das faces.

E assim se mostra a todos.
Inclusive a si mesma.

Mas um ser que sangra
ou pari
em diferentes fases da lua
e que tem um corpo-casulo,
ainda que não saiba,
ainda que não queira,
muda.

Toda mulher é mãe de si mesma.

Mais dia, menos dia,
se concebe outra.

Mais ano, menos ano,
gesta-se novamente.

E, em uma noite dessas,
numa lua assim,
no quarto da velha,
a dor, o grito e o choro
viram riso.

Olha!
É uma menina!


(Flávia Côrtes - 22 de abril de 2013 às 12:20h)

domingo, 21 de abril de 2013


Proximidade

Talvez um pensamento não chegue
tão perto
e tão terno
quanto um abraço.

Mas só talvez.

(Flávia Côrtes - 21 de abril de 2013, às 23:24h, para minha amiga Nina, com carinho)

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Décima segunda badalada



Se não funcionou quando havia encanto,
vai funcionar depois do desencanto?

Assim como o caminho
começa no caminhar

e o movimento
movimenta,

o que não evolui
atrofia.

(Flávia Côrtes - abril de 2013)



www.poetaflaviacortes.com.br

Textos devidamente registrados na Biblioteca Nacional e protegidos quanto aos seus direitos autorais.



======================================================
Poesia Falada: Confira tudo sobre o CD no link Verso em Voz
Maiores informações: contato@poetaflaviacortes.com.br
======================================================

Onde toda palavra é permitida.

Como beijo sonolento e terno
apagando um sonho ruim.

Como suspiro profundo e lento
em poente de um dia difícil.

Como corpo estirado na grama
completada a maratona.

Existe sempre um hiato
e um tempo possível
para aqueles que se sabem.

Porque querem.

(Flávia Côrtes - abril de 2013)

quinta-feira, 4 de abril de 2013


Não Gostos.

Acordar com pressa.
Adoçante em gotas.
Esmalte roxo.
Gelatina amarela.
Salada de agrião.
Barulho.

Não era para ser um poema.

(Flávia Côrtes - Abril de 2013)

quarta-feira, 3 de abril de 2013


Poderia ser um beijo.

Quem sabe um desses
que desenham antes o contorno da boca
decorando a textura
e adivinhando a alma.

Ou, ainda, um desses
que levam mãos aos ombros
esvoaçando o toque
e dissipando o pensamento.

Lábios provados bem devagar.
Toques quase sem língua.
Ainda.

Um gosto de quase.
Prenúncio de muito.
Respiração suspensa no ar.
Vertigem.

Um beijo
que beija mais que a boca
que desalinha mais que a roupa.

Seria este um beijo assim?

(Flávia Côrtes - Abril de 2013)
www.poetaflaviacortes.com.br

segunda-feira, 1 de abril de 2013



Cem metros, mas não rasos.

A tarde era menina
e, ainda assim,
precedia a noite

onde a lua
era cheia.

Fossem os beijos menos intensos
e, quem sabe, a chuva menos forte,
talvez tivéssemos esperado mais.

Consumidos e insones ,
iluminamos, porém,
a noite clara.

Etapas às chamas!


(Flávia Côrtes - Abril de 2013)

www.poetaflaviacortes.com.br

Textos devidamente registrados na Biblioteca Nacional e protegidos quanto aos seus direitos autorais.



======================================================
Poesia Falada: Confira tudo sobre o CD no link Verso em Voz
Maiores informações: contato@poetaflaviacortes.com.br
======================================================