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terça-feira, 5 de julho de 2016

Quando o que falta não é lacuna.

Tem época na vida
em que tudo está bem.

Pelo menos tudo o que pode
ficar bem.

Não estou discorrendo aqui
sobre o preço do feijão
ou a situação política do país.

Falo da equação cotidiana.

Está tudo bem em casa.
O trabalho vai bem.
Estão bem todos os amigos.
A saúde está em dia.
E vai bem a família, obrigada.

Então,
que falta é essa?

É que nem sempre
bem
é igual a
bom.

E a vida
precisa ser gostosa.

Sinto dizer
que não tem receita de bolo
para isso.

Quando o que falta
não é lacuna,
talvez nem seja o caso
de incluir
onde o excesso
já atordoa.

Em hora cheia
não vai caber
mais ponteiros.

Experimenta
esvaziar um pouco.

Até em elevador
antes de entrar
precisa esperar
a saída.

A arte de incluir o que falta
não precisar excluir
o que te completa.

Algumas vezes,
basta organizar
gavetas.

O que não tem utilidade
há mais de cinco anos
só precisa ser guardado
se te emociona.

Abre espaço.
A vida faz o resto.

(Flávia Côrtes - Junho de 2016)