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quarta-feira, 3 de abril de 2013


Poderia ser um beijo.

Quem sabe um desses
que desenham antes o contorno da boca
decorando a textura
e adivinhando a alma.

Ou, ainda, um desses
que levam mãos aos ombros
esvoaçando o toque
e dissipando o pensamento.

Lábios provados bem devagar.
Toques quase sem língua.
Ainda.

Um gosto de quase.
Prenúncio de muito.
Respiração suspensa no ar.
Vertigem.

Um beijo
que beija mais que a boca
que desalinha mais que a roupa.

Seria este um beijo assim?

(Flávia Côrtes - Abril de 2013)
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