Quem sabe um desses
que desenham antes o contorno da boca
decorando a textura
e adivinhando a alma.
Ou, ainda, um desses
que levam mãos aos ombros
esvoaçando o toque
e dissipando o pensamento.
Lábios provados bem devagar.
Toques quase sem língua.
Ainda.
Um gosto de quase.
Prenúncio de muito.
Respiração suspensa no ar.
Vertigem.
Um beijo
que beija mais que a boca
que desalinha mais que a roupa.
Seria este um beijo assim?
(Flávia Côrtes - Abril de 2013)
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