Gostava de café forte
coado na hora
em coador de pano.
Achava bonito
o movimento que a água fazia
quando se misturava ao pó
em uma bolha marrom subindo
até a beirada redonda do coador.
Qualquer problema parecia pequeno quando o olhar se perdia
na bolha de café
dentro do coador de pano.
Gostava também do aroma que invadia a cozinha nesse momento.
Gosto,
aroma,
sensação,
reflexão,
paz.
Foi dentro de uma bolha
marrom de café
que o era rito iluminou-se
em ritual do cotidiano.
Flávia Côrtes
Dezembro de 2012