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quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Sobre Redes e Laços

Vivemos em um tempo
em que a palavra "rede
remete, de pronto,
o pensamento
a recentes tecnologias.

Ou, no máximo, à proteção
sintética e branca
em nossas varandas,
estes quase-quintais
gradeados.

Na associação moderna
de idéias,
quantos lembrarão
da visão dourada do pescador
exercendo o seu ofício?

Ou, ainda,
do balançar sonolento
em algodão e renda
no fim da tarde?

Não me espanta, portanto,
que entre um clique e outro
alguém ache que, de fato,
estabelece relações.

Cabe lembrar
que para transformar
linhas retas em laços
(sejam estes de fitas,
cadarços ou afetos)
há de se empenhar
um pouco mais.

Laços de fita
não enfeitam o Natal
sem ternura e capricho.

Os cadarços das crianças
não perduram
sem firmeza e paciência.

E amizades
não se formam
sem presença,
tempo
riso
e lealdade.

(Flávia Côrtes - Outubro de 2015)













Ô, Mãe...

A brancura do domingo
tornava lícita a preguiça
que fazia da tarde
manhã.

Propostas de passeios
perdiam a preferência
para livros
agarrados a travesseiros.

(E o poema fugiu com um
"ô, Mãe, a gente vai passar o dia todo na cama????")

Flávia Côrtes - Outubro de 2015