Arquivo do blog

sábado, 31 de dezembro de 2011


Elefantes Flamejantes


Eu vou decorar um coreto
Chamar uma banda de música
Um bloco de carnaval

Só para te contar
O que te parece novidade

Eu vou colocar faixas na sua rua
Desenhar na sua calçada
Grudar bilhetes na sua janela

Só para te mostrar
O que te parece inédito

Eu vou escrever poemas
Compor canções
Publicar um livro

Só para te dizer
O que te parece extraordinário

E quem sabe
Eu até te mostro
Os meus amigos

Só para você saber
O que é o meu normal

O que é ter cuidado
O que é ser leal

E vou ficar assistindo
A surpresa do seu olhar
No insight

Manada de elefantes em chamas.

Dezembro de 2011.
O mesmo verso.

Era um verso já tão conhecido
Tantas vezes entoado
Tantas vezes decifrado

Era um verso já decorado
Era um verso já sabido

Cada rima já cantada
Cada estrofe declamada

A mesma música
Em tantas canções

O mesmo homem
Em tantos homens

Déjà vu

E a poeta

reescreve.

Dezembro de 2011

Era uma vez um gato amarelo. Em duas versões.


Era uma vez um gato amarelo... a versão da mulher.

Ela não desgostava de gatos. Também não gostava especialmente. Um dia, por capricho da vida, ficou com a custódia de um. Tinha nome de iogurte. Foi a primeira vez, depois de adulta, que precisou cuidar de uma coisa viva. Parecia fácil. Água, areia e ração.

Ele não se incomodava com os horários dela. Era carinhoso sem ser grudento. Percebia seus humores... deitava sobre o seu peito quando estava triste - coisa freqüente naqueles dias. Tinha os tempos dele... sumia de vez em quando. E, às vezes, ficava imóvel olhando o ar como se houvesse alguma coisa que só ele via. A ponto dela dar risada e perguntar se ele também escrevia.

Esteve com ela por dois anos. E isso já tem alguns agora.

Custou um bocado para perceber que aquela também foi a primeira vez, depois de adulta, que permitiu que cuidassem dela.



Era uma vez um gato amarelo... a versão do gato.

Ele não desgostava de gente. Também não gostava especialmente. Um dia, por capricho da vida, ficou com a custódia de uma. Não foi a primeira vez que precisou cuidar de alguma coisa viva. Sempre achou fácil. Era só atenção.

Ela tinha horários esquisitos. Achava estranho, mas respeitava. Afinal, ele também tinha lá suas manias. Estava sempre muito triste e isso às vezes o preocupava. Em pouco tempo percebeu que, se deitasse em seu peito, ela sorria. E ele gostava do sorriso dela.

Era carinhosa, mas parecia não gostar muito de mostrar isso. Não a via com outras pessoas. Pelo menos não desde que começou a cuidar dela. Levou um tempo até que ele a visse dar risada das coisas. E um pouco mais até a risada encher os grandes olhos dela.

Ficou com ela por dois anos. O tempo que achou suficiente para que ela ficasse bem.


Junho de 2010
Em memória de Chambinho