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sexta-feira, 12 de agosto de 2011
Irrigação
Acordei seca.
Dez dias sem poesia
viram rotações.
E ressecam.
Você há de me perguntar
porque não bebi
qualquer poema
colhido
nessas dezenas de livros
espalhados pela casa
É que para estiagem assim,
dessas que racham a alma,
poema em folha
é gota.
Já não resolve.
Recomenda-se,
em casos graves como esse,
submersão imediata
em lirismo
em estado puro
Não é essencial que haja
céu azul por fora,
mas por dentro
E, imprescindível, que a pessoa
esteja propensa a folha
Feito isso,
é só abrir as comportas do mundo
sobre si mesmo
e se deixar inundar
Acreditem.
Qualquer um
vai de Saara
a Pantanal
em meia manhã
desse jeito
Aí, é só colher uma flor atrás da orelha,
deixar passar tuiuiú pela retina
e prestar atenção no barulho da água
que corre por dentro
Pronto.
Germinada em Poesia.
Agosto de 2011
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