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segunda-feira, 15 de novembro de 2010


De olhos abertos

Quando me deixei ir para você,
me prometi tomar cuidado
e mergulhar de olhos abertos.

Foi de olhos abertos que eu te aprendi.

Primeiro eu vi um homem que me olha em muitos olhares.
Olhos que me riem e se riem.
Olhos que me olham poeta e me sabem mulher.
Olhos que me contam quando insiste em não me dizer.

Depois eu vi um homem que planeja o seu sonho.
Um homem que transforma a vida em arte
e faz da arte oportunidade.

E eu te aprendi
entre poemas e músicas,
entre cafés e silêncios,
entre cigarros introspectivos - ou não.

E te aprendendo eu vi
que só me responde quando eu não te pergunto,
que o tato é o que menos te seduz,
que cria como quem respira
e que só café te acorda.

E foi assim que eu te gostei.

Gosto da tua sede.
Uma sede que não alucina,
impulsiona.

Gosto da tua gana.
Uma gana que não desarvora,
objetiva.

Gosto dos teus silêncios.
Porque eu também tenho os meus.

Gosto do teu cheiro.
Um cheiro que é de homem
e que também é de abraço.

Pois é.
Foi de olhos abertos que eu mergulhei.

E eu que me prometi
cuidado.


Flávia Côrtes - Novembro de 2010)
www.poetaflaviacortes.com.br


Textos devidamente registrados na Biblioteca Nacional e protegidos quanto aos seus direitos autorais.


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