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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014


Sobre vôos e nuvens

Ele tinhas asas
e eu, às vezes, virava nuvem.

Eu dormia sono solto
quando ele me escrevia.

Eu telefonava
quando ele não estava.

Ele voava alto
e eu ainda era terra.

Eu virava nuvem
e ele já estava chão.

Mas os dois,
de formas diferentes,
saltavam no azul.

Ele de corpo inteiro e asas.
Eu de alma alada e pensamento solto.

Talvez por isso
nos reconhecêssemos.

Talvez por isso
seguíssemos serenos
no tempo
enquanto nossos ponteiros
se alinhavam.

Levávamos a tranqüilidade
dos que já se sabem.

O tempo nunca é só um " quando'

quando já se sabe um "ainda".

E o tempo já era tão nosso.

(Flávia Côrtes - fevereiro de 2014)