Dicotomia da Palavra
Diga lá… diz aí.
Conta, vai.
Ou não.
Quem sabe melhor não?
Quem sabe melhor?
Quem se sabe?
Mas alguém,
realmente,
se sabe afinal?
E se dizer ou não dizer
é uma questão,
o que dizer, então,
desse dicotômico dilema
do auto-conhecimento?
“No princípio era o Verbo”.
E, se qualquer palavra tem força,
com que força ecoa a tua
dentro do teu pensamento?
Subtraia o Verbo na aurora da ideia.
E que assim não seja.
Dá certo, sabe?
Por um tempo.
Ou, então, faça da palavra lupa
e se permita desvendar
o mistério dessa Caixa Preta
naufragada no fundo do cérebro.
Mas saiba que toda palavra-lupa
também é uma palavra-chave.
O que traz mesmo por dentro
essa tua Caixa,
Pandora?
Comporta aberta.
Descoberta.
Ou, quem sabe,
avalanche.
Mas, abrindo ou trancando,
o fato é que existe
dentro daquela caixa escura
uma força
daquilo que quis ser
e que você não deixou.
E o resultado virá.
Reação ao invés da Ação.
Subconsciente.
Um cretino que todo mundo tem
em algum canto do cérebro.
Acha mesmo que ele ia deixar barato,
Pandora, tanta coisa trancada
dentro dessa Caixa?
Dizer ou não dizer.
Ser ou não ser.
Perceber ou ignorar.
A Vida é feita de Escolhas.
Livre arbítrio.
E ninguém disse que isso seria fácil.
Flávia Côrtes
Junho de 2021