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quinta-feira, 28 de junho de 2012



Mergulho no invisível.

Um poema não escrito
É assim como um sonho não contado.

Submerge no esquecimento
antes que o segundo pensamento lúcido
dissipe dos olhos
o encanto.

Às vezes, no meio do dia,
palavras soltas do verso esquecido
invadem.

Lembrança ou inspiração?

Seja como for,
estranha a sensação.

Um saber o que não se sabe.
Um sentir o que não se sente.
Uma vontade de comer uma coisa e não saber o que é.

E a poeta,
que não sabe lidar com "quases",
mergulha no invisível
atrás do canto da sereia.

Algumas vezes, retorna com uma pérola entre os dedos.
Outras, só traz dentro de si o mergulho.

Confesso
que entre a pérola e o mergulho
eu abro os dedos
e salto.

Junho de 2012

domingo, 17 de junho de 2012



Sobre momentos, nadas e manias

Haverá momentos
em que nada
ou quase nada
fará sentido.

Porque esta
é uma característica do  Momento.

Momentos são,
por natureza,
instantes.

Equilibram-se na curva do minuto.

Não chegam à segunda volta
do menor ponteiro
idênticos,
e têm essa mania.
Mania de ser.

E, é por isso mesmo,
que haverá  momentos
em que nada
ou quase nada
fará sentido.

Porque esta
é uma característica do Nada.

Bolha de sabão sustentada no ar por olhar de menino,
espuma do mar que se acha sonho de sereia,
risco de avião que pensa que é nuvem,
e, lá vem o Nada,
com essa mania.
Mania de ser.

Deve ser por isso.
Por insistência do Momento
Por perseverança do Nada
que as pessoas, por fim, percebem
o que faz sentido.

Contagiosa mania esta.
Mania de Ser.

Onde a gente aprende
que para fazer sentido
algumas vezes,
é preciso desistir de fazer sentido.

Julho de 2012

domingo, 10 de junho de 2012


Insight

Tudo o que se vê
Tudo o que sabemos
Aquilo que amamos

São percepções
Idéias
Ideais

Toda idéia é luz.
Todo o amor é fogo.
Encanta e consome
a labareda.

Filhos de Prometeu
em busca da sagrada chama,
dançamos em volta da fogueira.
 Mariposas atraídas pelo brilho.

Cada um em seu próprio altar,
acendendo velas
como quem busca faróis
na noite escura.

Sem perceber
que se é sua a chama,
é seu o brilho.
E sua é a idéia!

Porque o que amamos no outro,
não é bem o outro.

É a idéia que fazemos
daquela pessoa.

Mudou a idéia,
acabou o amor.

Não são os amores que acabam.
São as pessoas que mudam.

Muda quem ama
E muda o ser amado.
E, às vezes, não mudam em sintonia.

Não são os amores efêmeros
Efêmero é o pensamento humano.

Não são os amores que iludem.
Somos nós mesmos!

Tira os olhos do fogo.
Olha para o outro longe da tua luz.
Olha para dentro de si mesmo.
Descobre se está, na verdade,
encantado com o seu próprio pensamento.

As rotações garantem:
Tudo o que está à sombra,
uma hora, ganhará a luz .

A luz do teu olhar.
A luz do teu pensamento.

Ilumina, então, logo, você!

Julho de 2012
Respingos
 
E, quando eu já pensava
que a poesia
tinha resolvido
dar um tempo
de mim,

Olho pela janela
e vejo um ar pontilhado
por gotículas minúsculas.

Era uma chuva
tão leve e tão fina
que, por um momento,
eu não soube dizer
se as gotas caiam
ou flutuavam no ar.

E eu me deixei ali.
Olhos flutuando em
gotas flutuantes.

E o pensamento

todo
respingado
em versos.

Junho de 2012