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domingo, 21 de dezembro de 2014
Caligrafia
Num quarto, a criança dorme.
No outro, o homem dorme.
Na pia, dorme a louça.
E dorme, no tanque, a roupa.
Na sala, a poeta acordada
percorre versos de outra poeta.
A manhã passeia encantada
em seis
talvez oito
poemas.
A infância em flanela azul e chupeta
chega sonolenta e se aninha
no colo abaixo do livro.
Tem poema mais doce
que criança adormecida em colo junto ao livro?
"Mamãe, meu mamazinho..."
O dia acorda.
Mas não antes que o poema.
(Flávia Côrtes - dezembro de 2014)
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