Ciscos e Sopros
E havia aquela tristeza
que, às vezes, eu via
nublar o teu olho.
E que me dava uma vontade imediata
de fazer qualquer coisa
que a soprasse dali.
E eu te dava um beijo-sopro,
um roçar de lábios,
um bater de asas de passarinho,
e te soprava o cisco dos olhos.
Às vezes, o sopro virava sorriso.
Às vezes, furacão.
E se houvesse, então, ainda,
nos teus olhos, uma nuvem,
já era outra a nuvem.
Daquelas que turvam o horizonte,
enrouquecem a voz
e incendeiam em reflexo.
Foi assim que eu descobri
que beijos-sopros
não apenas espantam
ciscos e tristezas.
Às vezes, provocam furacões.
(Flávia Côrtes - Setembro de 2012)
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