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sexta-feira, 14 de maio de 2010



O que é que você quis dizer com isso?

Dia desses, eu estava conversando com um novo amigo sobre a forma tão diferente de homens e mulheres verem as coisas.

É verdade, somos muito diferentes, mesmo. E, com certeza, poderíamos elencar uns 1.500 assuntos dentro desse tema.

Mas, hoje, resolvi falar apenas de um deles: a forma de se comunicar.

O que acontece é que a mulher insinua, mostra, muitas vezes, ao invés de dizer.

E temos alguma dificuldade de entender que os homens, em geral, querem dizer exatamente aquilo que eles estão dizendo.

Se uma mulher diz para um homem que não pode sair hoje porque precisa ir ao supermercado urgentemente, que não tem absolutamente nada em casa e não sobrevive a mais um dia sem fazer compras, acredite, ela está dizendo que não quer sair com ele. Ou pelo menos que não quer sair com ele hoje. Por que? Ah, pode ser por um montão de coisas. Falta de interesse no rapaz? Talvez. Mas pode ser também muito trabalho, menstruação, TPM, unha sem fazer... Não tente adivinhar, é praticamente impossível. Alguma chance da despensa estar realmente vazia? Claro que sim. Mas nenhuma mulher viva sobre a face da terra já deixou de ir a um encontro com alguém que esteja interessada exclusivamente porque o sabão em pó acabou.

Agora, se um homem diz que não quer conversar porque está vendo o jogo, pode escrever aí, ele está vendo o jogo mesmo. E tem total incapacidade de assistir ao jogo e conversar ao mesmo tempo. Ele não está dizendo absolutamente nada além disso.

O que complica as relações é que um fica tentando adivinhar o que é que o outro está querendo dizer, por trás do que foi realmente dito.

Então, os homens ficam tentando adivinhar o que a gente quer dizer com aquilo e acabam se irritando conosco por conta disso. Relaxem, rapazes! Não vai adiantar tentar adivinhar. E, pelo amor de Deus, não cometa a loucura e a indelicadeza de perguntar! Como é que eu conto que estou com a unha do pé enorme ou que não passo na depiladora há um mês?!

E as mulheres ficam tentando entender o que ele quer dizer com aquilo e acabam se magoando desnecessariamente. Relaxem, meninas, ele quis dizer exatamente o que disse.

Então, como fazemos?

Bem, eu recomendaria aos meninos refazer o convite em um ou dois dias. Rapaz, se ela estiver interessada em você, já resolveu absolutamente tudo e vai aceitar de imediato. Se não aceitar, parta para outra.

E às meninas? Deixe isso para amanhã, querida. E, por favor, dá um desconto, você não é menos importante que o jogo. Apenas vai estar ali no dia seguinte e o jogo acaba daqui há 90 minutos. Ah, e não invente de conversar depois do jogo. Se o time dele perder, estará de mau humor. Se o time dele ganhar, vai querer ir comemorar com os amigos. Amanhã vocês conversam, caramba. O que é tão urgente que não possa esperar até amanhã? Ah, e se ele não quiser conversar amanhã? Bem, você pode perguntar (com suavidade, pelo amor de Deus) por que ele não quer conversar com você. Pode anotar aí, o que ele responder é exatamente o que ele está dizendo, tá?

Bem, não estou aqui para dar a chave do entendimento entre homens e mulheres, mas acho que em todas as relações, inclusive entre homens e mulheres, um pouco de leveza e aceitação do outro sempre ajuda!

Maio de 2010

Aventuras de uma Carioca (re)descobrindo o Rio.

Hoje aventurei-me em tarde turística pelo Centro do Rio com minhas amigas de Pelotas, Viviane e Lizie, que estão na cidade a passeio.

Você há de me perguntar: “Mas você não mora no Rio?”.

Sim, moro. Mas nunca havia passeado pela Avenida Rio Branco com olhos de turista. Nunca tinha observado, sem preocupação com hora ou assalto, a arquitetura esmerada dos prédios antigos, as ruas arborizadas da Cinelândia, os detalhes do piso em cerâmica feita à mão no hall do Museu de Belas Artes, o dourado da fachada do Teatro Municipal.

Então, nos vestimos de roupas confortáveis e olhares encantados e saímos as três pela deliciosa orla do Rio de Janeiro, assistindo o mar beijar o horizonte até chegarmos ao Centro, para uma expedição em busca de arte, beleza e história.
Bem, conto para vocês, houve, sim, arte e beleza. Mas o que descobri, nesta tarde, na verdade, é que o Rio de Janeiro preserva mais que beleza naqueles prédios. Preserva também gentileza.

Surpreendente ver os guardas uniformizados, na Assembléia Legislativa, abrirem sorrisos hospitaleiros e ciceronear três moças perguntadeiras por corredores cheios de história, aguardando, pacientemente, que fotografássemos os imensos salões onde impressionantes moveis antigos eram banhados pela luz do dia que invadia através dos enormes vitrais do teto.

Inesperada a atenção dos guardas do Museu de Belas Artes que não apenas nos indicaram as galerias cheias de belas esculturas e quadros, mas ainda se ofereceram para fotografar o grupo e esclareceram, pacientemente onde era permitido ou não fotografar as obras.

Emocionante o olhar preocupado e solicito do rapaz que nos advertiu sobre o uso da máquina fotográfica nas ruas movimentadas do Centro e também o pedido das vendedoras de bala para que tirássemos fotos com elas.

Encantador ver a atenção delicada dos funcionários da Biblioteca Nacional enquanto nos cediam sorrisos e histórias e nos guiavam entre lembranças e novidades, por entre salas já conhecidas minhas, em incontáveis tardes na época da faculdade, até setores abertos apenas à visitação guiada, como as galerias com armários de aço e chão de vidro e as salas de restauração de livros raros.

A tarde terminou com olhos cansados e sorrisos satisfeitos entre os doces da Confeitaria Colombo, onde o sabor é apenas parte do prazer. Deixamos a decoração e o som do piano nos transportar ao início do século passado e, entre doces e biscoitos, nos deixamos ficar ali, conversando e descansando das horas percorridas por corredores ancestrais, enquanto atenciosos garçons mantinham nossas xícaras de café sempre cheias.

Foi uma tarde mais que divertida e interessante. Nesta tarde, uma carioca descobriu mais que o Rio. Redescobriu os cariocas.

Maio de 2010