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domingo, 19 de maio de 2013



Estranha

Sei que gosto de um livro de poemas quando me pego dizendo trechos em voz alta,
repetindo-os, dando risada em algumas partes. E, se o verso for muito bom, eu preciso levantar e caminhar um pouco para dizê-lo mais uma vez.

Alguém que me veja lendo, em uma praça ou varanda, há de pensar:
"Que moça estranha aquela...!"

É que a poesia,
quando ecoa em mim,
meio que transborda.

E eu não sou silenciosa
naquilo que me transborda.

Agora mesmo, é sábado,
há cinco travesseiros espalhados na cama,
a voz da Sade enche o quarto,
há um Leminski aberto ao meu lado
e eu aqui, conversando sobre abstratos.

"De fato, estranha esta moça...!"

(Flávia Côrtes - Maio de 2013)


Entrelinhas


Ainda era quase
e já era tanto.

Teus olhos pousados
em minhas entrelinhas.
enquanto espero.

Uma sensação boa.
Uma mistura de riso com vontade.

Um jeito de não digo
porque não sei.

Mas sei que quero.

(Flávia Côrtes - Maio de 2013)



Por Tanto

Ainda que quase nublado, céu.
Portanto, lindo.

Ainda que um pouco cinza, manhã.
Portanto, clara.

Ainda que muito cansada, domingo.
Portanto, bem.

Ainda que um pouco tensa, poeta.

Então, por tanto
ou por tão pouco
eu verso.

Pronto.
Poema.

(Flávia Côrtes - Maio de 2013)