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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012


Esboço de um Poema para um Pai

Eu nunca consegui escrever um poema para o meu pai. Escrevi alguns contos e prosas inspirados em episódios que me marcaram no convívio com ele, é verdade.
Mas um poema... ?
Desses que transbordam a alma?
Não consegui ainda.

Acontece que o sentimento que eu tenho pelo meu pai é tão vasto, tão amplo, tão diversificado... que eu nunca consegui esparramar em papel uma face apenas disso tudo.

Pareceria pobre.
Seria pouco.

Como falar do espelho sem falar do riso?
Como falar do riso sem falar do chão?
Como falar do chão sem falar da escola?
Como falar da escola sem falar do ombro?
Como falar do ombro sem falar do amigo?
Como falar do amigo sem falar do Pai?

E agora?
Como falar do Pai,
sem falar da Falta?

E como não falar?

Dia desses, Papai, eu ainda consigo
te escrever um poema
que mostre um tantinho
de toda a prosa que tivemos
de toda a poesia que vivemos
nos contos da nossa história
nas crônicas das nossas vidas

Um dia desses, Papai,
ainda te escrevo um poema
que me transborde da alma
um tantinho do tanto
que eu te amo.

O de hoje
É só esboço.

Janeiro de 2012
Luto

Era uma dor
Com nome de guerra

Um pranto seco
Um grito oco
Ecoando em volta
E por dentro

Era uma dor
Repetida
E irritante
Surpreendente
E agonizante

Grito de cigarra
Incorporado à tarde quente

Era uma dor
Com nome de guerra
Perdida

Desnorteada
Entôo o grito

E explodo

Permito-me chorar
Por quem merece
O meu pranto

Janeiro de 2012
Em Memória de Aderbal Xavier
Pai amado, Avô amoroso, Marido apaixonado e Amigo Leal

domingo, 22 de janeiro de 2012


Terra do Nunca

Um sol girando no céu
Fazendo verão
E verão

Em Terra Encantada
Versos escritos
Junto aos só sonhados

Amigos idos
Os livros lidos
E os não lidos

Crianças não mais vistas
Sorrisos e risadas cristalizadas

E a poeta
Persona e Personagem
Gira o Sol
E sorri

Um sol girando no céu
Fazendo verão
E verão

Memórias da Terra do Nunca
Lembranças do Mundo do Sempre

Sobrepostas no Agora

Janeiro de 2012

terça-feira, 3 de janeiro de 2012


Menino Tempo
Descobriu-se cansado
de ser sábio
ou velho

E, dono que era de todas as horas,
fez-se menino.

E, sendo menino,
brincava
com as possibilidades.

Assim como quem constrói castelos de areia.
Meio como quem descobre desenhos em nuvens.

E, mesmo menino,
sabia
das possibilidades.

Assim como quem sabe da onda na areia
Meio como quem conhece o vento na nuvem

E, por ser menino ,
gostava

da beleza invisível do vento,
da textura macia da onda.

E, por ser menino,
sabia.

Fazia do Ainda
a aurora do Quando.

Janeiro de 2012

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012


Tempo do Ainda

Era uma vez um tempo
Que não era bem um tempo
Era mais um Antes
Já bem mais que um Quase
Meio caminho de um Quando

Era uma vez um tempo
Que se sabia Ainda.

E por se saber
crescia
feliz

Janeiro de 2012

domingo, 1 de janeiro de 2012


Sentimental


Acordei hoje pensando em meus irmãos
os de sangue
e os da vida.

E ainda naqueles que estão,
dia a dia,
sorriso a sorriso,
soluço a soluço,
ombro a ombro,
poema e poema,
chegando à minha vida
e ficando

Minha ternura hoje é toda para vocês

A cada um de vocês que é
A cada um de vocês que está se tornando
Àqueles que eu nem sabia que vinham para ficar

Envio o meu abraço mais fraterno
E meu mais sincero pensamento
de Feliz Ano Novo

Janeiro de 2012