Em festival
de domingos sucessivos
desfilavam os dias.
Um, dois... feijão com arroz.
Bobagens, risos e saudades.
Que domingo
é domingo mesmo
sem amigos?
Três, quatro... feijão no prato.
Música e folia.
No bloco, mamãe e eu.
Que domingo
é domingo mesmo
sem família?
Cinco, seis... prosa e verso.
Manhãs lentas descobrem poemas.
Tardes aceleradas encontram prosas.
Que domingo
é domingo mesmo
sem poesia?
Sete e oito... invenções.
A bailarina samba no pé.
O baterista gosta de jazz.
Toda criança sabe dançar.
Um cata-vento é mais que um poema.
Cantigas de roda giram para sempre.
Que domingo
é domingo mesmo
sem descoberta?
Nove e dez.
E o poema não acaba.
Mais que um doce pelo seu pensamento.
Um beijo e um queijo.
Não me leve a mal, vai.
Hoje é Carnaval.
(Flávia Côrtes - Março de 2014)