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sábado, 1 de agosto de 2009

Nem toda ordem coloca as coisas em seu lugar.

Arrasta para o centro da sala a sua cama. Troca as cortinas. Esvazia as gavetas. Tira do armário os lençóis novos. Joga fora os sapatos velhos. Compra uma cafeteira nova. Coloca um vaso de flores no banheiro. E pendura quadros novos nas paredes.

Se não funcionar...

Arrasta para o centro da cama as suas gavetas. Tira as cortinas. Joga fora os lençóis. Esvazia a cafeteira. Coloca na geladeira os sapatos velhos. E tira do armário as flores.

Julho de 2009
Brincando de Réplicas com a minha amiga Alice
Confiram o poema que gerou este:
http://loucurasfemininasdealice.blogspot.com/2009/07/alguma-coisa-esta-fora-da-ordem-na.html

Viro, eu também, o espelho através do vidro.

Que gosto é esse pelo abismo? Que atração é essa pela queda? Olhamos pela encosta, qual asnos, hipnotizados. A certeza do impacto não reduz, em nada, a sedução do vôo.

Nossa fragilidade nos fortalece. Nossa incoerência nos seduz. Relevamos a nós mesmos, mas também ao outro. Revelamos a nós mesmos, mas raramente ao outro. Perdemos a nós mesmos e também ao outro. Mas seguimos.

Julho de 2009
Este escrevi para um amigo que tem o desconcertante hábito de me virar espelhos de repente. Alguns, inclusive, em que eu ainda não tinha olhado.



A vontade de você é sem expectativas e sem espectros.

É gostoso conversar com você.
Gosto quando você me conta das suas histórias e das suas vitórias.
Te falo das batalhas que briguei por dentro.
Te conto dos medos que venci sozinha. 
Entendo quando você me conta dos seus receios e dos seus defeitos.
A gente se reconhece.

Te deixo me beijar por dentro e aprender meus beijos.
Aprendo o teu abraço.
Gosto quando você me olha, me vê e me traduz.
Gosto de olhar para você, bonito e nu,
contando para mim das coisas que você ama.
A gente se seduz.

Gosto de saber que posso me amparar em você,
mas que você sabe que isso vai ser muito raro.
E que não se incomoda com isso.

É bom me encontrar em você.

E é muito bom saber
que você sabe
que, se precisar, eu me perco de você.

Só não sei me perder de mim.


Flávia Côrtes - Julho de 2009
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