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sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Penélope

Para entender o gênesis do desencanto
Há de se saber a origem do desejo
E aí, é só percorrer o caminho inverso

É um desfazer
Que começa
Em um não fazer

Um se distancia do outro
Sem perceber
O fio preso
No silêncio

E eu aqui
Hora tecelã
Hora Penélope

Desfaço as horas
Enquanto teço
Versos

Desfaço os versos
Enquanto
Teço horas

E enquanto teço
E enquanto verso
Desfaço-te

Outubro de 2011
Irmãos

Juntos caíram, juntos se levantaram, juntos riram e choraram.
Brigaram e fizeram as pazes em dois minutos, centenas de vezes, como cabe a irmãos.

Se protegeram de outros, zangados, preferindo levar porrada eles mesmos
porque só irmãos podem se bater.

E se empurraram, rindo, em direção a outros, sabendo o quanto seria bom.

E deitaram-se de mãos dadas no escuro
e contaram os sonhos assim que acordaram
e falaram de seus medos, seus pudores, seus anseios

Falaram dos dias ruins quando aconteceram
falaram das vitórias nos dias em que as viveram

Contaram seus desejos, pouco antes de decidir se iriam mesmo se entregar a estes
e, logo depois, quer em jubilo, quer em arrependimento

Deliciaram-se em saber-se entendidos pelo olhar, sem precisar explicar-se
E também explicaram-se uns aos outros, sem necessidade,
só pelo gosto de ser ouvido por quem te aceita, mesmo que não te entenda.

E, nesta troca, cresceram.

Floresceram, cada um ao seu modo.

E, ainda que diversos,

essencialmente juntos.

E, ainda que distantes,

eternamente

Irmãos.


Setembro de 2011
Decisões

Não decidir
Não faz de mim
Indecisa

É que eu posso simplesmente
Não querer resolver

Porque se for para te resolver
A resolução
É "não"

Então
Subverto o direito
Abdico a decisão
E só
Vivo

Nem sim,
Nem não,
Nem talvez.

Apenas
Agora!

Outubro de 2011
Vivenciando

Até que vai chegar uma hora
Que a vida vai fazer
O que a vida faz
Que é fazer a gente
Viver

Outubro de 2011
Ressaca

Cabeça pesada
Boca ressecada
Corpo doído
Cansaço

Olhos vermelhos
Estômago embrulhado
Noite mal-dormida
Amanhecida
Opaca

E o pior é que
Não tem
Gemada
Ou copo d'água
Que cure decepção
De quem, um dia, amigo

Quem sabe
Poesia

Outubro de 2011


Como Chegar

A minha varanda fica
entre uma palmeira e um antúrio,
logo depois de uma fonte
que faz barulhinho d'água...

Siga por alguns versos,
de acordo com os caminhos
que ditarem os ventos.

É recomendado perder-se um pouco pelo caminho.
Se houver dúvida, feche os olhos,
e siga o poema.



(Flávia Côrtes - Setembro de 2011)
www.poetaflaviacortes.com.br


Textos devidamente registrados na Biblioteca Nacional e protegidos quanto aos seus direitos autorais.
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Maiores informações: contato@poetaflaviacortes.com.br
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Entrelinhas

Se eu digo que
Não te quero
Dói-me menos
Que não venhas

Se eu digo que
Não a deixes
Dói-me menos
A tua escolha

Então,
nem sei o porque
do Poema

Setembro de 2011
Receita de Insônia

Almoço de tarde inteira com amigos
E soneca das 18h às 22h
Bom dia, Madrugada!

Setembro de 2011



Recall

Não importa por
Que culpas
Que vontades
Que caminhos

Ela já me provou
Que me tira
Este homem
Quantas vezes quiser

Eu vou fazer
O que

Então?

Julho de 2011