O Livro e Eu
Por favor,
não arrumem
os meus livros.
É assim mesmo
que gosto deles
Espalhados pela casa
Tem dia
que me provocam
Não posso sentar
quieta na varanda
sem que Adélia
Lucinda
ou Clarice
fiquem puxando assunto!
Tem dia
que me consolam
Veríssimo
espera comigo
ferver a água do café
E Drummond
me vela o sono
Por favor
não desmarquem
os meus livros!
É assim mesmo
que gosto deles
Com dobrinhas nas páginas
Não se escandalize
Não, não são dobrinhas apenas...
São declarações de amor
Se eu fosse um livro
ia querer dobrinhas!
E anotações!
São como rugas
Sinal de que viveram
Sinal de que alguém
algum dia
se apaixonou por ele
chorou com ele
riu com ele
Então
que fiquemos assim
meu livro e eu
espalhados pela casa
e fazendo questão
de cada uma
de nossas rugas!
Novembro de 2010
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terça-feira, 30 de novembro de 2010
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Um comentário:
Bom dia, querida!
lindo, lindo este teu texto. Visual. Senti-me em um travelling através tua casa, teus livros e teu dia quando nela estás. E o que descreves (as dobrinhas de página, por ex) é, ao mesmo tempo, de uma precisão quase cirúrgica quanto de um lirismo comovedor. Um texto à altura da poetisa sensível e talentosa que és, Flavinha. Meus aplausos de pé! meu beijo, meu carinho e meu bom dia.
André
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