O que é o que é?
Eu não faço idéia do que acontece em algumas madrugadas no andar de cima. Quer dizer, eu acho que só acontece em algumas madrugadas. Mas pode ser que aconteça em todas. E eu só perceba quando acordo de noite por sede ou pesadelos.
É um barulho engraçado. O som parece com rodinhas ou rolimãs... e não são poucas! Ou, então, de algo borbulhando alto.
Não é nem que incomode demais. Nunca é o barulho que me acorda.
Mas quem é que consegue dormir depois imaginando
o que
será
aquilo...?
Máquina de lavar roupa ligada na madrugada..?
Bomba de piscina borbulhando no ar vazio...?
Meia dúzia de crianças insones andando de velotrol...?
Fábrica de costura clandestina com máquinas antigas de pedal...?
Fantasmas arrastando correntes pelos cômodos vazios...?
Enfim, moro aqui há seis anos. E há seis anos me intriga o barulho.
Algumas vezes já pensei em ir lá tocar a campainha e descobrir. Mas a curiosidade nunca foi maior do que a preguiça de levantar da cama.
De mais a mais, invariavelmente eu acabo dormindo no meio do jogo de adivinhar o barulho.
Ou, então, ocupo-me com algo mais interessante do que discutir com vizinhos às três da manhã.
Hoje, escrevo.
(Flávia Côrtes - Julho de 2013)
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