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sexta-feira, 31 de maio de 2013
Desfile
O fim de semana chegou
despindo-se
de maio.
Ainda caem as folhas por algumas semanas,
antes que o inverno sopre
para fora do armário
casacos.
Em passos largos,chega o ano
ao centro da passarela
e te encara na escolha.Meia estação
ou estação inteira?
Pleno
ou metade?
Não como avesso do sim
vale mais que um talvez.
O ano desfila.
E você?
Espectador?
(Flávia Côrtes - Maio de 2013)
quarta-feira, 29 de maio de 2013
No poente de um dia
desenhado em uma noite,
movimentos opostos
de nuvens e aves
prendiam o olhar
na beira do cais.
Nuvens brancas esfiapadas
corriam velozes na direção do vento.
Abaixo delas, negras gaivotas em bando
voavam em sentido oposto.
E se o vento pastoreava as nuvens,
desafiavam as aves a ventania.
Eram como peixes corredeira acima.
Os movimentos contrários
de nuvens e aves
em flocos e asas,
o preto no branco,
confundiam o olhar
numa suave vertigem.
Deitada na madeira quente do cais,
uma poeta sonhava versos.
Nuvens passando horizonte abaixo,
aves passando horizonte acima,
pensamentos em sumidouro:
passavam como tudo passa.
Acordada,
transcrevo os versos sonhados
e percebo.
Nem tudo passa.
Tudo pode passar.
Mas, se verdadeiro e forte,
levamos por dentro
para sempre.
Impressos por trás da retina
assim como um sonho.
Tatuados na alma,
assim como um poema.
Como esse
que eu transcrevo agora.
domingo, 26 de maio de 2013
sábado, 25 de maio de 2013
Horizontes
A janela era outra,
como outra era a varanda,
mas a minha montanha estava lá
olhando para mim.
Pensei mesmo
que não a veria novamente.
E havia uma saudade
antecipada e pesarosa
entre nós duas
há dias.
Os olhos da montanha
pousados nos meus
me tranqüilizaram
(como sempre fazem).
Eu realmente acho
que tudo vai ficar bem
agora.
(Flávia Côrtes - Maio de 2013)
Nota para quem me lê:
Isso não é um poema.
É só uma paz que escorreu de mim
nesta manhã.)
sexta-feira, 24 de maio de 2013
Boreais
Corpos desenhados
na penumbra
em relevo do desejo.
Dois intensos
e o que não se evita.
Dedos e línguas em labaredas
como fogo morro acima.
Desejo líquido escorre
como água encosta abaixo.
Ventos solares incendeiam
e o poente alvorece
no grito úmido
da aurora.
(Flávia Côrtes - Maio de 2013)
www.poetaflaviacortes.com.br
Textos devidamente registrados na Biblioteca Nacional e protegidos quanto aos seus direitos autorais.
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Poesia Falada: Confira tudo sobre o CD no link Verso em Voz
Maiores informações: contato@poetaflaviacortes.com.br
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domingo, 19 de maio de 2013
Estranha
Sei que gosto de um livro de poemas quando me pego dizendo trechos em voz alta,
repetindo-os, dando risada em algumas partes. E, se o verso for muito bom, eu preciso levantar e caminhar um pouco para dizê-lo mais uma vez.
Alguém que me veja lendo, em uma praça ou varanda, há de pensar:
"Que moça estranha aquela...!"
É que a poesia,
quando ecoa em mim,
meio que transborda.
E eu não sou silenciosa
naquilo que me transborda.
Agora mesmo, é sábado,
há cinco travesseiros espalhados na cama,
a voz da Sade enche o quarto,
há um Leminski aberto ao meu lado
e eu aqui, conversando sobre abstratos.
"De fato, estranha esta moça...!"
(Flávia Côrtes - Maio de 2013)
terça-feira, 14 de maio de 2013
Coletivos
Enquanto você for
ombro e mão,
sempre haverá mais gente em volta
do que quando você for boca
ou precisar de chão.
(Flávia Côrtes - Maio de 2013)
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segunda-feira, 13 de maio de 2013
Azul Rendado
Os olhos da mulher buscavam
o céu azul por trás
da delicada renda branca
das nuvens.
As mãos do homem descobriam
a pele branca por baixo
da delicada renda azul
da mulher.
A cidade abaixo.
A paixão acima.
Em renda, agora vermelha,
dois incendiavam
o poente.
A noite soprou o sol
e acendeu luzes douradas
dentro deles.
Flávia Côrtes - Maio de 2013
Textos devidamente registrados na Biblioteca Nacional e protegidos
quanto aos seus direitos autorais.
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quinta-feira, 9 de maio de 2013
quinta-feira, 2 de maio de 2013
Nada é tão simples assim.
Um cheiro de café
não é só um cheiro de café.
É um sabor de pausa,
um desacelerar,
uma renovação.
2% de cafeína
diluída em outras substâncias
não explicam isso.
O gosto da água
não está escrito
em insossas enciclopédias.
É o avesso da sede.
Um alívio,
um frescor.
2 átomos de hidrogênio
abraçados a oxigênio
não contam isso.
Um feijão de mãe
nunca precisou de mais do que
alho, sal e cebola
para ser inesquecível.
O olhar do teu amigo
dispensa legendas.
Então, porque este esforço todo
para entender
100% do que
sente
ou quer?
Não precisa ser
tão complexo
assim.
Viva!
(Flávia Côrtes - Maio de 2013)
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