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segunda-feira, 23 de julho de 2012



Cantiga

A rede verde, 
suspensa no ar,
movia-se de forma 
quase imperceptível.

Quem observasse,
as diria imóveis.

Tanto a rede
como a poeta dentro da rede.

A rede mantinha 

uma cadência suave
como uma respiração.

A poeta estava ocupada
ouvindo o silêncio.
O ar frio trazia 
esboços de sons.

Um pé de vento remexendo folha.
Uma criança brincando com um pato.
Uma bicicleta estalando a grama.
De vez em quando,
o apito de um trem
transportava a um tempo
em que só se chegava à fazenda
por trilhos.

Enquanto a tarde
pedia silêncio ao pensamento
e embalava a poeta,
a rede suspirava

num sono
profundo.

(Flávia Côrtes - Julho de 2012)

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Textos devidamente registrados na Biblioteca Nacional e protegidos quanto aos seus direitos autorais.



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