Hieróglifos
E quando vi
falávamos de tudo
e de nada
A palavra dita misturada
na não dita
a linha embaralhada
na entrelinha
um riso entrelaçado
no meio
um assunto
sem começo ou fim
falando sem dizer
palavra
um contar da vida
um dizer do dia
que sem dizer
que conta
mostra
e eu
que me via
entoando versos
ainda não ditos
em palavras
não escritas
de uma linguagem
não inventada
te vi
leitor da entrelinha
descobridor do verso
tradutor do hieróglifo
da história
ainda não escrita
de nós dois
e agora
nos intercalamos
hora página
hora pena
hora palavra
Em tempo tempo tempo
Outubro de 2010
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quinta-feira, 27 de outubro de 2011
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
Penélope
Para entender o gênesis do desencanto
Há de se saber a origem do desejo
E aí, é só percorrer o caminho inverso
É um desfazer
Que começa
Em um não fazer
Um se distancia do outro
Sem perceber
O fio preso
No silêncio
E eu aqui
Hora tecelã
Hora Penélope
Desfaço as horas
Enquanto teço
Versos
Desfaço os versos
Enquanto
Teço horas
E enquanto teço
E enquanto verso
Desfaço-te
Outubro de 2011
Para entender o gênesis do desencanto
Há de se saber a origem do desejo
E aí, é só percorrer o caminho inverso
É um desfazer
Que começa
Em um não fazer
Um se distancia do outro
Sem perceber
O fio preso
No silêncio
E eu aqui
Hora tecelã
Hora Penélope
Desfaço as horas
Enquanto teço
Versos
Desfaço os versos
Enquanto
Teço horas
E enquanto teço
E enquanto verso
Desfaço-te
Outubro de 2011
Irmãos
Juntos caíram, juntos se levantaram, juntos riram e choraram.
Brigaram e fizeram as pazes em dois minutos, centenas de vezes, como cabe a irmãos.
Se protegeram de outros, zangados, preferindo levar porrada eles mesmos
porque só irmãos podem se bater.
E se empurraram, rindo, em direção a outros, sabendo o quanto seria bom.
E deitaram-se de mãos dadas no escuro
e contaram os sonhos assim que acordaram
e falaram de seus medos, seus pudores, seus anseios
Falaram dos dias ruins quando aconteceram
falaram das vitórias nos dias em que as viveram
Contaram seus desejos, pouco antes de decidir se iriam mesmo se entregar a estes
e, logo depois, quer em jubilo, quer em arrependimento
Deliciaram-se em saber-se entendidos pelo olhar, sem precisar explicar-se
E também explicaram-se uns aos outros, sem necessidade,
só pelo gosto de ser ouvido por quem te aceita, mesmo que não te entenda.
E, nesta troca, cresceram.
Floresceram, cada um ao seu modo.
E, ainda que diversos,
essencialmente juntos.
E, ainda que distantes,
eternamente
Irmãos.
Setembro de 2011
Juntos caíram, juntos se levantaram, juntos riram e choraram.
Brigaram e fizeram as pazes em dois minutos, centenas de vezes, como cabe a irmãos.
Se protegeram de outros, zangados, preferindo levar porrada eles mesmos
porque só irmãos podem se bater.
E se empurraram, rindo, em direção a outros, sabendo o quanto seria bom.
E deitaram-se de mãos dadas no escuro
e contaram os sonhos assim que acordaram
e falaram de seus medos, seus pudores, seus anseios
Falaram dos dias ruins quando aconteceram
falaram das vitórias nos dias em que as viveram
Contaram seus desejos, pouco antes de decidir se iriam mesmo se entregar a estes
e, logo depois, quer em jubilo, quer em arrependimento
Deliciaram-se em saber-se entendidos pelo olhar, sem precisar explicar-se
E também explicaram-se uns aos outros, sem necessidade,
só pelo gosto de ser ouvido por quem te aceita, mesmo que não te entenda.
E, nesta troca, cresceram.
Floresceram, cada um ao seu modo.
E, ainda que diversos,
essencialmente juntos.
E, ainda que distantes,
eternamente
Irmãos.
Setembro de 2011
Como Chegar
A minha varanda fica
entre uma palmeira e um antúrio,
logo depois de uma fonte
que faz barulhinho d'água...
Siga por alguns versos,
de acordo com os caminhos
que ditarem os ventos.
É recomendado perder-se um pouco pelo caminho.
Se houver dúvida, feche os olhos,
e siga o poema.
(Flávia Côrtes - Setembro de 2011)www.poetaflaviacortes.com.br
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Poesia Falada: Confira tudo sobre o CD no link Verso em Voz
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