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domingo, 30 de maio de 2010



De olhos fechados danço (e não devia te dizer)
Eu não devia te dizer,
mas essa lua,
essa música
e esse teu olhar...

De olhos fechados danço

e o teu olhar antecede o toque.

Danço de olhos fechados,
luz sobre pálpebra,
e o som que percorre o corpo
me leva junto com ele.

De olhos fechados danço
e o teu olhar antecede o toque.
Danço sob olhos poetas,
retina sobre pele,
e o olhar que percorre o corpo
me leva junto com ele.
De olhos fechados danço
e eu não devia te dizer.

Tua prudência não te disse
do perigo 
de provocar poeta
em noite com lua assim?

(Flávia Côrtes - Maio de 2010)


www.poetaflaviacortes.com.br

Textos devidamente registrados na Biblioteca Nacional e protegidos quanto aos seus direitos autorais.



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Poesia Falada: Confira tudo sobre o CD no link Verso em Voz
Maiores informações: contato@poetaflaviacortes.com.br
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A Hora se Esconde
Espelho.
Formas diferentes,
maneiras diferentes,
caminhos diferentes,
mas espelho.
Desenha os meus caminhos.
Inspira minha vontade.
Um beijo
e me derrete o verbo.
Transpiro o teu gosto.
Um minuto,
um instante,
um centímetro,
um suspiro.
Encontrada em tuas linhas,
a hora se esconde.
(Flávia Côrtes - Maio de 2010)
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Você sabia que o inicio da noite tem nuances furta cor na beirada do céu? Eu acho que o dia, que já foi embora, deixa um tantinho luz na beirada do céu. Será que por ciúme da noite? Ou medo da gente esquecer dele quando soltar o olho no escuro, navegando retina em estrela até a lua encher pensamento. Bobagem do dia. Mas que ficou lindo, ficou.

Devaneios pela Palavra - Maio de 2010

sexta-feira, 28 de maio de 2010


Verso ou Fato?

Fato
Ou verso

Um mimo
Um bem querer

Em verso
Esboço de Flor
Presenteia o poeta

Fato
Ou verso

Surpresa
E sem saber

De fato
Sorri a poeta

Maio de 2010


Pescadora de Palavras


Tradutora de nuvens
Pescadora de palavras
Pintora de ilusões

O que eu traduzo
É só esboço

O que eu pesco
Me persegue

O que eu pinto
Não te ilude
Fato

Ah, vai
Foi você que perguntou

Te pareço louca?
Acostuma...
Poeta!

Maio de 2010

quinta-feira, 27 de maio de 2010


Desnuda

E como é que
Me ocupa
Me invade
E me bagunça
Assim

Sem cerimônia
Desconcerta

Mistura
Letra e desejo
Pensamento e verso
Sentimento

Sensações

Sem nexo
Sem senso

Encantada
Imóvel
Respiração suspensa

Vejo o verso
Se aproximar
Me envolver
E invadir

Desnuda
Em página branca

Maio de 2010



Seu beijo sabe


Seu beijo sabe
o caminho
do meu arrepio
Conhece minhas fendas
sabe de cor meus suspiros

E me faz assim

Vestida
E nua
de pudor


Maio de 2010

terça-feira, 25 de maio de 2010


E quando eu acho que te aprendi



E quando eu acho
Que te aprendi

Você me olha
Com teu olhar poeta

E me desconcerta

Meio me decifrando
Meio se divertindo
Eu nem preciso te ver
Para adivinhar teu sorriso

Um verso
E me revira entranhas

Ah, não me convida
A perder juízo

Meu juízo
Já é meio
Perdido de mim

Maio de 2010

Amizade tem disso

A gente fica um tempo sem se ver.
E sente saudade.
E lembra sempre.
Mas fica bem.

Mas quando encontra...
Ah, quando encontra!

É tão bom, tão bom,
que a falta, depois, pesa o ar.

Só de lembrar
dá vontade de abraço.

É que a gente lembrou
o que é ter aquela pessoa em volta da gente.

Sim, porque
amigos de verdade
nunca estão apenas
com
a gente.

Quando longe,
levamos dentro.

E, quando perto,
estão em volta.  


(Flávia Côrtes - Maio de 2010)
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Profecia

Quando eu nasci, um anjo lindo...

Sim,
porque torto ou esguio,
louco ou lúcido,
esbelto ou gordo,
se é anjo,
anjo é.
E, portanto, lindo!

... de asas imensas e olhar azul
olhou para mim e disse:

“Te conto, não, menina, vá você descobrir!”



 (Flávia Côrtes - Maio de 2010)

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segunda-feira, 24 de maio de 2010


Sob Teu Olhar

Me encanta e surpreende
Esse seu olhar poeta

Esse pousar de olhos
Em meu pensamento
Me encarando o verso
Me adivinhando a alma

Desvio os olhos

Será que consegui
Disfarçar o sorriso?

Maio de 2010

domingo, 23 de maio de 2010



Teu verso alimenta

E quanto mais te devoro
mais fome da tua palavra
mais sede do teu calor

saboreio as estrofes
descubro teu gosto
me embriago de ti

me sacia

mas só até o próximo verso
me fez gulosa de ti, poeta

Maio de 2010

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Encantada

Novamente
sucessivamente
cotidianamente
encantada

Em todos os meus eus

Maio de 2010


É este o dom da palavra
Desobstruir canais
Liberar sentimentos
Levar sensações
Lavar emoções

Para dentro e para fora.
Para fora do poeta
Para dentro de quem lê

E é assim
em espelho
emoção
encanto
pranto

Que as coisas passam a fazer sentido.

Maio de 2010

quinta-feira, 20 de maio de 2010



Comigo acontece assim

Por algum motivo,
pode ser do nada,
pode ser no meio da noite,
pode ser conversando com alguém,
pode ser escovando os dentes de manhã.

Um pensamento,
um sentimento,
cristaliza em palavra.

Em frase,

em verso,
gruda no pensamento.

Pronto.
Acabou a minha paz.

Aquilo fica ali se repetindo.
Às vezes, só um pouquinho.

Vez em quando,
como um "jingle" interminável.

Aí, de alguma forma,
as palavras vão me rodeando.

Às vezes, versos inteiros.
Às vezes, só sentimento
antes mesmo de vestir palavra.

E, uma hora,
quando o pensamento soltar no vento,
ou porque eu mesma soltei,
ou porque ele voou sozinho,
o texto se esparrama
inteiro
no papel.

Não é algo voluntário.
Só acontece.
(Flávia Côrtes - Maio de 2010)

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E a poeta sorriu

O poema sorriu para ela
E a poeta sorriu de volta


Devaneio que veio quase em um suspiro, ao ler um texto de um amigo, Yves Mansur, que diz assim:

A inteligência sorriu pra ela...
e a poeta sorriu de volta

o morango que passeia na caipirinha
As dualidades de pessoa, ou de buarque
a música de manhãzinha

Conserva seu sorriso de menina
a autora, que não tem medo de nada
e se tiver, penso que domina


Maio de 2010

(Obrigada, Yves! Pelos poemas... o seu e o meu. E por tudo o mais!)



uma vida vivida
ou não vivida
você escolhe

Maio de 2010

Devaneios pela palavra

Para saber de mim
Tira os olhos do papel
E olha para mim

Das coisas que eu sou
Eu posso te dizer
Mas acho
Vai gostar mais de descobrir

Das coisas que eu gosto
Eu posso te contar
Mas acho
Vou gostar mais de te mostrar

Das coisas que eu sinto
Eu posso te falar
Mas acho
Vai gostar mais de me sentir

E
Das coisas que eu faria
Das portas que eu abriria
Dos lugares aonde iria

Ah, desses
Nem eu sei

Só sei
Que a mim permito

Sempre

Tanto ir
Como não ir


Maio de 2010

quarta-feira, 19 de maio de 2010


Selado
(um dueto verso a verso)


Selado... o encontro

Teu Corpo... em meu corpo
Montado.

Num atalho... suspiros
Pensamentos ... desgovernados
Numa curva... gemidos
Destinos... entrelaçados

Um encontro esperado
Para fazer do teu amor... meu desatino.
O meu... destino.

Amanhecer... em volta de ti
Num cio de lobas.
Promessa de um amor... sem pudor

Mansamente... descobrir-te
Aconchegar-me no teu colo... aberta e nua.

Na cova
Aquece-me... provoca-me
Nos teus beijos... me entrego
Nossos corpos... se descobrem
A rolarem inebriados... embriagados

Uivos ao luar... até o amanhecer.


Maio de 2010
Esse texto nasceu de outro poema, escrito por El Brujo.
Cada verso é iniciado por El Brujo e terminado por mim.

Confira abaixo o poema original na escrivaninha do poeta:
http://recantodasletras.uol.com.br/prosapoetica/2258258

Descobre-me


Deitei-me em palavra
Desnuda
Em página branca
E esperei que me lesse

Vagarosamente teu olhar
Percorre
Explora

Como dedos quentes
Entre linhas
Fendas

Sobre os versos
Sussurras

Sob os versos
Suspiro

Deitei-me em palavra
Aberta e exposta
Sob teu olhar poeta

Delicadamente
Sem palavras
Respiração entrecortada

Descobre-me!

Maio de 2010

segunda-feira, 17 de maio de 2010


Disrítmica


E quando teu texto insinua
Instiga
Provoca

Assisto tua palavra
Adivinhar meus caminhos

Observo teus versos
Como dedos
Procurando fendas

E quando teu texto me mostra
Permito a palavra

Te digo

Que entre em texto
Que saia em voz

Saboreio as possibilidades
Nos seus versos

Encontro o tom
Encaixo a respiração

Disrítmica.

Me rouba o fôlego, poeta!

Maio de 2010
Amém, querida. Amém.

A propósito, acabei de perceber que a palavra amém, sem acento, vira "amem"... será que precisamos tirar os acentos para que o amor "assim seja"?



Devaneios pela Palavra – Maio de 2010
O texto surgiu em comentário a um lindo poema que li no Recanto das Letras. É uma prece. Quem quiser conferir, segue o link:
http://recantodasletras.uol.com.br/oracoes/2258244
Obrigada, Angel, pela inspiração.

domingo, 16 de maio de 2010


Teu verso provoca
Seduz entre linhas

Sussurra vontades
Em páginas brancas

Deslizo os olhos por estrofes
Saboreio metáforas

E vagarosamente
O poema me percorre

Invade pensamento
Ecoa nos sentidos
Transborda em voz

E aqui
Te lendo
E relendo
Minha palavra escorre

Maio de 2010

sexta-feira, 14 de maio de 2010



O que é que você quis dizer com isso?

Dia desses, eu estava conversando com um novo amigo sobre a forma tão diferente de homens e mulheres verem as coisas.

É verdade, somos muito diferentes, mesmo. E, com certeza, poderíamos elencar uns 1.500 assuntos dentro desse tema.

Mas, hoje, resolvi falar apenas de um deles: a forma de se comunicar.

O que acontece é que a mulher insinua, mostra, muitas vezes, ao invés de dizer.

E temos alguma dificuldade de entender que os homens, em geral, querem dizer exatamente aquilo que eles estão dizendo.

Se uma mulher diz para um homem que não pode sair hoje porque precisa ir ao supermercado urgentemente, que não tem absolutamente nada em casa e não sobrevive a mais um dia sem fazer compras, acredite, ela está dizendo que não quer sair com ele. Ou pelo menos que não quer sair com ele hoje. Por que? Ah, pode ser por um montão de coisas. Falta de interesse no rapaz? Talvez. Mas pode ser também muito trabalho, menstruação, TPM, unha sem fazer... Não tente adivinhar, é praticamente impossível. Alguma chance da despensa estar realmente vazia? Claro que sim. Mas nenhuma mulher viva sobre a face da terra já deixou de ir a um encontro com alguém que esteja interessada exclusivamente porque o sabão em pó acabou.

Agora, se um homem diz que não quer conversar porque está vendo o jogo, pode escrever aí, ele está vendo o jogo mesmo. E tem total incapacidade de assistir ao jogo e conversar ao mesmo tempo. Ele não está dizendo absolutamente nada além disso.

O que complica as relações é que um fica tentando adivinhar o que é que o outro está querendo dizer, por trás do que foi realmente dito.

Então, os homens ficam tentando adivinhar o que a gente quer dizer com aquilo e acabam se irritando conosco por conta disso. Relaxem, rapazes! Não vai adiantar tentar adivinhar. E, pelo amor de Deus, não cometa a loucura e a indelicadeza de perguntar! Como é que eu conto que estou com a unha do pé enorme ou que não passo na depiladora há um mês?!

E as mulheres ficam tentando entender o que ele quer dizer com aquilo e acabam se magoando desnecessariamente. Relaxem, meninas, ele quis dizer exatamente o que disse.

Então, como fazemos?

Bem, eu recomendaria aos meninos refazer o convite em um ou dois dias. Rapaz, se ela estiver interessada em você, já resolveu absolutamente tudo e vai aceitar de imediato. Se não aceitar, parta para outra.

E às meninas? Deixe isso para amanhã, querida. E, por favor, dá um desconto, você não é menos importante que o jogo. Apenas vai estar ali no dia seguinte e o jogo acaba daqui há 90 minutos. Ah, e não invente de conversar depois do jogo. Se o time dele perder, estará de mau humor. Se o time dele ganhar, vai querer ir comemorar com os amigos. Amanhã vocês conversam, caramba. O que é tão urgente que não possa esperar até amanhã? Ah, e se ele não quiser conversar amanhã? Bem, você pode perguntar (com suavidade, pelo amor de Deus) por que ele não quer conversar com você. Pode anotar aí, o que ele responder é exatamente o que ele está dizendo, tá?

Bem, não estou aqui para dar a chave do entendimento entre homens e mulheres, mas acho que em todas as relações, inclusive entre homens e mulheres, um pouco de leveza e aceitação do outro sempre ajuda!

Maio de 2010

Aventuras de uma Carioca (re)descobrindo o Rio.

Hoje aventurei-me em tarde turística pelo Centro do Rio com minhas amigas de Pelotas, Viviane e Lizie, que estão na cidade a passeio.

Você há de me perguntar: “Mas você não mora no Rio?”.

Sim, moro. Mas nunca havia passeado pela Avenida Rio Branco com olhos de turista. Nunca tinha observado, sem preocupação com hora ou assalto, a arquitetura esmerada dos prédios antigos, as ruas arborizadas da Cinelândia, os detalhes do piso em cerâmica feita à mão no hall do Museu de Belas Artes, o dourado da fachada do Teatro Municipal.

Então, nos vestimos de roupas confortáveis e olhares encantados e saímos as três pela deliciosa orla do Rio de Janeiro, assistindo o mar beijar o horizonte até chegarmos ao Centro, para uma expedição em busca de arte, beleza e história.
Bem, conto para vocês, houve, sim, arte e beleza. Mas o que descobri, nesta tarde, na verdade, é que o Rio de Janeiro preserva mais que beleza naqueles prédios. Preserva também gentileza.

Surpreendente ver os guardas uniformizados, na Assembléia Legislativa, abrirem sorrisos hospitaleiros e ciceronear três moças perguntadeiras por corredores cheios de história, aguardando, pacientemente, que fotografássemos os imensos salões onde impressionantes moveis antigos eram banhados pela luz do dia que invadia através dos enormes vitrais do teto.

Inesperada a atenção dos guardas do Museu de Belas Artes que não apenas nos indicaram as galerias cheias de belas esculturas e quadros, mas ainda se ofereceram para fotografar o grupo e esclareceram, pacientemente onde era permitido ou não fotografar as obras.

Emocionante o olhar preocupado e solicito do rapaz que nos advertiu sobre o uso da máquina fotográfica nas ruas movimentadas do Centro e também o pedido das vendedoras de bala para que tirássemos fotos com elas.

Encantador ver a atenção delicada dos funcionários da Biblioteca Nacional enquanto nos cediam sorrisos e histórias e nos guiavam entre lembranças e novidades, por entre salas já conhecidas minhas, em incontáveis tardes na época da faculdade, até setores abertos apenas à visitação guiada, como as galerias com armários de aço e chão de vidro e as salas de restauração de livros raros.

A tarde terminou com olhos cansados e sorrisos satisfeitos entre os doces da Confeitaria Colombo, onde o sabor é apenas parte do prazer. Deixamos a decoração e o som do piano nos transportar ao início do século passado e, entre doces e biscoitos, nos deixamos ficar ali, conversando e descansando das horas percorridas por corredores ancestrais, enquanto atenciosos garçons mantinham nossas xícaras de café sempre cheias.

Foi uma tarde mais que divertida e interessante. Nesta tarde, uma carioca descobriu mais que o Rio. Redescobriu os cariocas.

Maio de 2010

domingo, 9 de maio de 2010


Meu anjo

Meu anjo, minha amiga, minha querida.
Soprou em mim muito mais que vida.

E, até hoje,
É teu conselho, teu colo, teu beijo
que busco sempre que caio.

E teu sorriso, teu olho, teu beijo
que busco sempre que venço .

Porque sei bem o que sempre vai me perguntar
O que sempre vai me dizer

Mas ainda assim preciso ouvir de ti
A pergunta que é resposta
A tudo que te pergunto

"Filha, está feliz? "

Maio de 2010


Esse texto nasceu imediatamente após eu ler o texto do Mário Roberto Guimarães, quando voltei de uma tarde deliciosa em família para comemoração do dia das mães. Já disse ao Mário que o verso dele desperta a minha palavra. Obrigada de novo Mário, pela inspiração.

Quem quiser conferir os belos versos do Mário e as lindas interações que ele inspirou, segue o link:
http://recantodasletras.uol.com.br/trovas/2246007

sábado, 8 de maio de 2010


Desejos

Se pudesse escolher, não tinha vontade de você. Te encontrava sabendo do riso, sem a certeza do beijo. Te via sabendo do espelho, sem a certeza do gosto.

Vou sentir falta de estar com você... do riso fácil, das madrugadas juntos, das palavras não ditas, de te contar bobagens e verdades. Mas gente precisa se conhecer. Precisa ganhar voz, olho, som de risada.

Vai ser bom conhecer você. Levar pela vida a tua lembrança real.

Só assim, um dia, daqui há muitos anos, vou poder contar para uma amiga, entre um biscoito e outro, do rapaz que me chamava de anjo e com quem o riso era fácil desde a primeira linha. Assim, também sei que, depois que esquecer o meu nome, você ainda vai se lembrar da moça meio boboca e de sorriso solto que gostava de escolher sorvetes pela cor e dançar de olhos fechados.

Então, vou até você. Mas torço para não dar vontade. Só assim, daqui há 30 anos, a gente vai poder dar risada disso, quando passar na casa do outro para comer rabanada entre o Natal e o Ano Novo.

Sei que os beijos dariam em suspiros e que o toque daria em arrepio. Ainda assim, prefiro as rabanadas.

Dezembro de 2009

E você, sabe o que procura?

Dia desses voltei para casa com a pergunta de uma amiga martelando a cabeça. Incomodada porque eu gosto de morar sozinha, minha amiga queria saber se, afinal, eu pelo menos procurava um namorado.

A ela respondi com um sorriso – recurso sempre útil para substituir explicações antecipadamente incompreendidas. Mas, para vocês eu conto.

Procura-se um namorado?

Bem, se o seu conceito de namorar for pelo menos próximo do meu, pode registrar que sim. Sabe, eu tenho muito cuidado com o que desejo. Palavras têm força. Vai que eu consigo.

Namorar, para mim, é verbo amar conjugado. Namorar não é caminho de mais nada. É verbo com alma de gerúndio. Incompatível com metas ou planos. Namorar é verso que resume, em uma só palavra, romance, riso, sedução, carinho, vontade. E não necessariamente nessa ordem.

Procuro um cara com quem eu possa conversar, rir e ficar em silêncio. Que entenda que eu trabalho pelo menos 10 horas por dia e que gosto disso. Que me trate como mulher. Que goste de ir ao cinema, andar na praia, ouvir música, dançar. Está bem, que pelo menos goste de me levar para dançar de vez em quando, só porque eu fico feliz com isso. Que goste de ir a um restaurante legal e que também curta comer caranguejo com as mãos na praia. Com quem eu possa discutir um bom filme ou falar bobagens.

Procuro um sujeito que me seduza, instigue e desafie. E que também me cuide. Alguém em quem eu possa me amparar, mas que saiba que o mais provável é que isso nunca aconteça. E que não se incomode com isso.

Eu não vejo nada mais carinhoso do que um homem entender que eu gosto da minha vida, da minha rotina. E da falta dela. Entender que gosto do meu ritmo de fazer as coisas. Poucas coisas são tão românticas como um cara que cuide de você, nas coisas em que uma mulher verdadeiramente precisa ser cuidada... até a gente ficar a vontade para deixar que ele controle o ritmo em tantas outras.

É imensamente romântico que alguém saiba do que você gosta, não porque você contou, mas porque presta atenção em você.

Então, procuro, sim, um homem romântico e carinhoso. Um cara que compreenda que gosto de trabalhar em horários estranhos. Que não ache ridículo eu escolher sorvetes pela cor. Que ache normal eu gostar de comer manga com a mão no café da manhã ouvindo música. Que não implique com os meus decotes, nem se ressinta da atenção que eu dou aos meus amigos. Que não fique impaciente porque eu tive que voltar correndo da porta só porque esqueci de passar perfume e que não se preocupe em saber porque eu precisava de outro sapato vermelho.

E, não, essa não é a descrição do meu amigo gay.

Inclua na descrição aí em cima, então, para que o romance funcione, que ele me olhe de um jeito que me faça sorrir lembrando de ontem à noite, que saiba o ponto exato do pescoço que me arrepia e que consiga me fazer perder o raciocínio e esquecer o final da frase porque deslizou a mão pelas minhas costas.

Pronto, não tem jeito de confundir o cara com um amigo.

E, se acontecer, do espelho refletir e o tempo parar um pouco para a gente se olhar, quem sabe...

Março de 2009

Enlace

Desfaça com teus dedos meu pensamento
Desenha teu desejo em minha pele
Descobre na minha boca o teu calor
Vem
Me abraça
Me enlaça

Conduz o início

Maio de 2010

sexta-feira, 7 de maio de 2010



Por Ordem do Juízo

Nunca tenho toda a razão. 
Tenho toda a vontade. 
Apenas alguma razão.

Quando eu era menina, me diziam 

que o tempo me traria juízo. 

Na verdade, acho que até trouxe. 
É meu juízo que julga 
o que é melhor para mim.

O caso é que a minha vontade 

convenceu o meu juízo 
que “ melhor” vem de “bom”!

Então, eu conto para você.

Sabe
as manhãs que eu me dou,
os poemas de madrugada
e os amigos na varanda até as seis?

Sabe
o trabalho em horário esquisito
e os problemas que me alcançam por telefone?

Sabe
os amores sem limites,
os beijos sem pudores
e os toques sem entrelinhas?

Sabe
o riso solto,
as danças de olhos fechados,
os passeios sem destino
e o pensamento que voa?

Pois é...

Meu juízo resolveu
que isso tudo
é o melhor pra mim

Maio de 2010

domingo, 2 de maio de 2010


Não gosto de nuvem pequenininha e esfiapada. Gosto daquelas bem grandes... porque dá efeito de sombra e luz nas beirinhas do floco. Ela fica com nuance de cor. Miolo cor de nuvem, umas beirinhas com sombra e outras iluminadas. É bem bonito.

Devaneios pela Palavra
Maio de 2010



Poema para Provocar teu Verso

Teu verso desliza suave em minha pele
e me busca vagarosamente no sono.

Sussurra bobagens no meu ouvido,
brinca de arrepio no meu pescoço,
me endurece os seios.

Tua palavra encaixa em mim.
Invade os meus sentidos,
me esvazia o pensamento.

Teu canto descobre devagar o meu suspiro,
entoa sem pudor os meus gemidos,
me crava os dentes,
contorce,
me descompõe.

E o poema
faz o caminho de volta.

Dissolve consoantes,
derrete vogais,
penetra a consciência
e se move.

Apenas ritmo.
Continuo e forte

Tatuando você
intensamente
dentro de mim.


(Flávia Côrtes - Maio de 2010)

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A Musa

Ah, Poeta, sei que canta o que te encanta.
Só não sei, de verdade, se teu canto
é por mim
ou pelo cantar.


Mas, sabe, poeta, já não importa,
desde que cante.


Porque se te inspiro
e me derrama de ti em verso,
que faço eu,

que não sou poeta
e te levo inteiro dentro de mim?



(Flávia Côrtes - Maio de 2010)
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Notas: Esses versos nasceram no Recanto das Letras, onde coloco uns versos e onde acontecem belas interações entre poetas de todos os estilos. 
Esses versos do Mário, particularmente, inspiraram inúmeros poetas. 
Se quiser conferir tudo, segue o linkhttp://www.recantodasletras.com.br/trovas/2021170

Minha Musa
(Poema de Mário Roberto Guimarães)

Catando a dor da saudade
Que deixa a alma confusa
Busquei o amor de verdade
E achei em ti, minha musa
(Mário)


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