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domingo, 26 de julho de 2009


Tô me lambuzando em letras.

Acordei de manhã com vontade de letra. É uma mistura isso. É uma fome de poesia que vem junto com sede de música.

Liguei a música e fui passear nos versos da Adélia... inútil isso... não dá para sentir poesia ao mesmo tempo que se ouve música... embaralham as palavras umas com as outras... não combinam os sons...

Então, fiquei com as melodias gracinhas da Zélia, que vêm com letras que dão vontade de correr para a varanda e músicas que fazem o corpo se movimentar sozinho, suavemente, enquanto a mente esvazia da letra e se enche do som.

Julho de 2009
(manhã chuvosa de domingo... lendo, dizendo, ouvindo e sentindo "Pelo Sabor do Gesto")

Para quem também quiser:
http://www.radio.uol.com.br/#/busca/album/Pelo Sabor do Gesto Sabor do Gesto

quinta-feira, 23 de julho de 2009



Cética

Eu sei do teu desejo.
Só não espero a tua vontade.
Não espero eco.

Não por não querer, só por saber.
Ainda assim, mostro.
Mais que mostro, conto.

Não calo o que abala.
Não escondo sorrisos.
Não abafo suspiros.
Se te quero, eu digo.
Se sinto, eu falo.
Se me quer, 
acostuma.  

Mas saiba:
muito pouco me abala.

Derreto no teu beijo, me desfaço no teu toque.
Mas se não me seduz, não me cativa.
Se não me desafia, não te guardo.
Se não me instiga, não me tem.

Eu quero que você vença.
Mas não vou te deixar ganhar.

Então,
duvido.

Flávia Côrtes - Julho de 2009

www.poetaflaviacortes.com.br
Textos devidamente registrados na Biblioteca Nacional e protegidos quanto aos seus direitos autorais.
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Poesia Falada: Confira tudo sobre o CD no link Verso em Voz
Maiores informações: contato@poetaflaviacortes.com.br
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A frase não tinha nem mesmo formado palavra quando deslizou suavemente por ela. Foi buscá-la no sonho. Acordou e ficou olhando o alvorecer do verso. Era um desses versos que prefere não vestir palavra. Que fica olhando para você nu. Ficaram os dois ali se olhando, tranqüilos e nus. Tinha um quê sacana aquele verso. Se estivesse com mais tempo, dobrava-o.

Julho de 2009 – minutos antes do som do despertador me arrancar da cama

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Meu avesso também é direito.

Dia desses, uma amiga cobrou-me explicações sobre as minhas incoerências. Difícil resposta essa. É mais umas daquelas coisas tão complicadas de explicar que fujo da resposta com um sorriso. Cansa-me um pouco explicações antecipadamente incompreendidas. Prefiro guardá-las comigo.

É que tem a questão da intensidade. E tem a coisa da vontade.

Não sei viver as coisas de outra forma que não seja muito. Faço intensamente. Vivo inteiramente. Sofro profundamente. Meu riso não é metade. Meu choro não é contido. Se me fecho, eu tranco. Se me abro, eu mostro. Eu me permito. Me perco na minha vontade e nela também me encontro. Meu gozo é onda.

Tem sempre um sorriso chegando ou saindo. Ou, então, grudado nos olhos. Mas vivo as minhas tristezas. Plenamente. E, às vezes no mesmo dia, as guardo.

Eu choro a minha lágrima para fora. Se você nunca viu é porque preciso de privacidade para chorar. Preciso de liberdade para me derramar. Irrita-me um pouco esse ímpeto que as pessoas têm de secar a lágrima e interromper o pranto. Se um dia eu chorar na sua frente, não me consola, vai. Ou chora comigo ou, então, me abraça. Mas me deixa chorar.

Eu acho sempre com muita propriedade. Coerente, articulada, decidida, equilibrada. Não fosse a vontade... nem sempre o que eu quero é igual ao que eu acho.

Decido que espero você me ligar. E espero. Até a vontade de ouvir a sua voz me fazer quebrar o protocolo. E quebro. Acho melhor não te contar de mim. E não conto. Até você me olhar por dentro, desse jeito que você faz, e me dar essa vontade de te dizer. E digo. Resolvo que não faço. E não faço. Até a vontade me encontrar de novo. E faço. Sei que é melhor não te deixar ir além. E não deixo. Até a vontade chegar de mansinho. E peço.

A dupla face não é máscara. É o meu avesso. Mas sou eu.

Julho de 2009

quarta-feira, 15 de julho de 2009

A quarta-feira me despertou com vontades de domingo. O perfume escolheu o ponto do beijo, o baton previu o sorriso, o vestido antecipou o olhar... Ainda não sei se foi a manhã que fez domingo em mim, ou se fui eu que seduzi a manhã.
Julho de 2009

terça-feira, 14 de julho de 2009

Retina

Meu olho escancara,
sem qualquer reserva,
o que sou.

Mergulha, então, nas minhas janelas.
Revira, sem pudor, as minhas gavetas.

Sou inteira e nua.
Aberta e exposta.

Mas olha de novo amanhã,
e depois de amanhã,
e também depois...

Entende o meu avesso.
Flávia Côrtes - Julho de 2009
Brincando de Réplicas com a minha amiga Alice
Confira o poema que gerou este em:
http://loucurasfemininasdealice.blogspot.com/2009/02/eu-sou-uma-farsa-nao-sou-nada-do-que-ve.html

segunda-feira, 13 de julho de 2009


Teus olhos me seguiram pelo dia. Roubaram a atenção, interromperam a frase, dispersaram o pensamento. Esse olhar que me olha por dentro. Parei o dia para ver você olhar para mim.

Julho de 2009


Áquila


Os olhos pesam enquanto a hora escorre.
E eu insisto sem saber.

Sem saber se a minha noite
encontra hoje a sua manhã.

Sem saber se o teu dia
penetra hoje a minha madrugada.

Sem saber se nos veremos
por esta fresta,
nas beirinhas de nossos dias.


Julho de 2009

Dormia profundamente quando a idéia começou a voar em volta dela, qual borboleta espantando o sonho. O verso rasgou a madrugada e ficou olhando para ela. Era madrugada, mas o verso era tão bonito.

(Passeio pela Palavra)
Madrugada de Julho de 2009


Lúcida?... talvez. Verdade, mesmo... me prefiro lúdica... para não perder a lucidez.

(Devaneios pela Palavra)
Julho de 2009
Conversa sobre prioridades com uma amiga

Chego em casa, por volta das sete da noite e uma amiga liga para saber de mim... se tinha melhorado, onde estava... esses cuidados que os amigos têm uns com os outros quando se sabem doentes.

Tranqüilizada por mim, que ainda não estou bem, mas já me considero boa, vem a pergunta:

Mas onde você foi, afinal?”

Ah... dei só uma passadinha numa livraria, que o meu livro acabou ontem... coisa rápida... já estou chegando em casa...”

A gargalhada da minha amiga me interrompe.

"Você fala “acabou o meu livro” exatamente como quem diz “acabou o meu pão e eu dei um pulinho na padaria”... risos... agora, eu aposto que aquela lista de compras que a sua faxineira deixou na sua geladeira na semana passada continua lá...risos

Na verdade, continua.

Julho de 2009

quinta-feira, 9 de julho de 2009


Me conta da tua vida....me fala da tua história... o que faz... onde mora... em que trabalha... me fala dessas coisas que gente precisa saber.

Quem sabe assim eu entendo essa intimidade sem tempo... essa química estabelecida pela palavra.... sem o olhar, sem o sorriso, sem o gosto... sem o cheiro... sem o toque.

Me conta do teu dia... me fala do que comeu... me diz o que sonhou.

Quem sabe assim eu entendo essa certeza... certeza do beijo dando em suspiro... certeza do toque dando em arrepio... certeza do gosto... certeza do gozo.

Me diz o que você acha... me fala o que você pensa... me conta das coisas que a gente precisa saber.

Quem sabe assim eu entendo.

Julho de 2009

domingo, 5 de julho de 2009


Manhãs... (devaneios pela palavra)

Texto 01
Acho fascinantes manhãs de domingo. É como abrir presentes... tiro o laço do dia e abro a manhã devagarinho.

Texto 02
Inquieta manhã. Acordei com o dia sussurrando possibilidades no meu ouvido... me dando vontades. Tentei não dar muita bola, fingi que dormia, mas não teve jeito. Riu no meu ouvido, brincou com os meus desejos, falou do que podíamos fazer juntos... me conhece bem o dia.

Manhã de domingo – Julho de 2009

sexta-feira, 3 de julho de 2009


Abraço em Texto para uma Amiga

Levanta os olhos, minha amiga.
Deixa a vida entrar de novo na sua vida.

Deixa o sol iluminar o seu rosto
e o vento levar o seu corpo.
Que, sem isso, também não tem graça.

Deixa o riso invadir o seu dia
e a música guiar os seus passos.

Deixa um amigo te abraçar.
Que, sem isso, também não tem como.

Deixa a coisa acontecer,
deixa o rio correr,
deixa a vida seguir.

Se hoje é o último dia do fim,
amanhã é o começo.

O por do sol também é um final.
O fim não precisa ser feio.


Flávia Côrtes - Julho de 2009
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quarta-feira, 1 de julho de 2009



Cochilo

Acordou com um cansaço essencial. Cansaço do corpo.

A rotina a arrastou para o dia. O corpo, relutante, seguiu a agenda. A voz rouca, os músculos doloridos, a mente embaçada... mas seguiu.

Meio do dia, almoço em casa, ela se rende ao corpo.

Suspira abraçada ao travesseiro.
O lençol faz um carinho de leve na pele,
o edredom a abraça,
os olhos pesam
e ela se entrega a escuridão.

Daqui a pouco, segue para a semana alucinada no trabalho.
Daqui a pouco a mente volta a girar.
Daqui a pouco, a alma volta a voar.

Mas só daqui a pouco.


(Flávia Côrtes - Julho de 2009)


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