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domingo, 7 de junho de 2009

Estou enamorada Elisa Lucinda. A Clarice está até enciumada.
Explico. Sou uma apaixonada pela palavra, mas de uma paixão infiel, voraz, curiosa, indo de autor em autor, "inconstante e borboleta". Nesses anos todos, apenas a Clarice teve alguma constância da minha atenção.

É engraçado isso. Eu gosto de ler, leio de tudo. Encanta-me toda palavra. A palavra é algo mágico, sedutor, mais que descrever, a palavra representa, mostra, define. E o faz com força, de forma explicita, sem meios termos, sem entrelinhas. Não consegui, até hoje, encontrar nada mais corajoso e absoluto do que a força da palavra. Se, no começo, era o verbo... é confortador saber que, no final, há o silêncio. Confortável, sereno, encantado, triste, melancólico, feliz, cansado, surpreso. Não importa. O silêncio, quando segue a palavra, é como um abraço depois do gozo.

Mesmo nos áridos anos em que não pude ler livros ou poemas, sempre me presenteei um momento com uma palavra. Fosse um artigo, um outdoor, um pensamento, uma frase de pára-choque de caminhão... sempre parei para olhar com calma, absorver a essência, com o mesmo vagar que se tem quando se quebra uma dieta, saboreando um doce devagarinho já que não se pode fazê-lo sempre.

E, nesta tarde de domingo, me encontrei em muitos versos da Elisa Lucinda. Senti com ela os mesmos sentimentos que me trazem os versos da Clarice. A admiração pela beleza da construção dos versos não é nada, ainda que, sem dúvida, belos, os versos. O que surpreende e fascina é esse sentimento desconcertante de olhar no espelho...

(maio de 2009, depois de ler O poema do Semelhante)
http://www.escolalucinda.com.br/bau/osemelhante.htm

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