Acordou e abriu um olho só. O outro deixou enfiado no travesseiro. Viu que as palavras não encheram o pensamento e ficou ali, olhando a parede e ouvindo o silêncio. Ouviu o ruído do edredom roçando no corpo devagar quando abraçou o travesseiro. Ouviu o suspiro profundo que a preguiça soltou. Ouviu o barulho do mundo entrando devagarinho no quarto. Deixou-se ficar ali, até o outro olho insistir para abrir, até as palavras começarem a rodear, namoradeiras, em volta dela... “acordou e abriu um olho só...”
Junho de 2009, manhã preguiçosa de domingo
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