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sábado, 1 de maio de 2021

 Passos

A primeira dança não anunciou 

a caminhada que iniciava.


Voltas vertiginosas pelo salão,

mãos entrelaçadas, 

olhos nos olhos,

respiração acelerada.


Girava o cavalheiro,

girava a dama.


Entregues à música, 

pensamento algum.


Só a vontade imensa 

de não ir embora. 


Um passo à frente,

um para o lado,

dois para trás,

mais uma volta,

um giro duplo


e a vida suspensa 

em expectativa.


O passo em falso amparado.

Sem precisar apelo,

sem qualquer hesitação. 


E o caminho que era de um

virou trajeto de dois

e, depois, direção de três.


E a dança se fez estrada.


Nem sempre plana,

nem sempre pavimentada,

algumas vezes colina,

muitas outras precipício.


Mas se, às vezes, montanha russa,

tantas outras, roda-gigante. 


Girava o cavalheiro,

girava a dama

e, também, 

girava a criança.


Assim dias viraram semanas

e as semanas se uniram aos meses 

e os meses compartilharam a vida.


E, a cada curva dessa contradança,

permanece imensa 

a vontade de estar. 


Essa é a história de uma dança 

que virou estrada.


E aquela estrada 

floriu alameda. 


Flávia Côrtes Costa

Maio de 2021

Para Everson e Sophia, com amor.





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