Poema Natalino
Cada Natal
traz dentro de si
todos os outros Natais
que te trouxeram até aqui.
Enquanto as mãos arrumam,
com carinho e cuidado
frutas, doces e rabanadas
em travessas decoradas,
atravessa a sala, risonha, a lembrança
e as mesmas mãos, ainda crianças,
tiravam bolinhos escondidas
de uma outra mesa também já arrumada.
E o tempo te traz de volta
bem a tempo de ver
outras mãos, também meninas,
que desfazem o arranjo recém-arrumado
para provar um docinho
nesta mesma mesa que agora é a sua.
O pisca-pisca colorido
leva um pensamento vaga-lume
até outra árvore,
em outro tempo,
mas igualmente colorida
e exatamente luminosa.
E o tempo te transporta de volta,
ao som de alguma risada
em algum outro assunto
nesta mesma sala que hoje é a sua.
Era um ano conturbado aquele.
Mas há quantos Natais ancestrais
te enche o peito
essa paz?
(Flávia Côrtes - Dezembro de 2021)
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