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domingo, 26 de julho de 2015

Rio Riacho

Nasci numa cidade à beira-mar
encrustada entre montanhas
e com uma floresta no meio.

Isso garante uma umidade
quente e constante.

O verão goteja nas frontes
e o inverno
tem alguns dias ao ano
e só.

Quem não gosta de água
deve evitar morada no
Rio de Janeiro.

Não é nem que chova.
Na verdade,
quase não água por fora.

É que a cidade transpira.

Quem olha o ar em dezembro
enxerga o calor incolor
evaporado do asfalto
e denunciado em termômetros
e sabe
que os elevados graus descritos
são bem inferiores
à sensação térmica
de vulcão à sombra.

Julho mostra moças
de mangas compridas e shorts
passeando nas manhãs de domingo.

E a cidade acorda sob edredons
ainda que haja, frequentemente,
ar condicionado nos quartos
só para garantir o conforto
da manhã quase fria
nesse meio inverno.

As árvores mostram
orquídeas floridas.

Nas calçadas, folhas outonais
se recusam a ranger sob os passos.

É que numa cidade-água
amendoeira em julho
até veste por do sol
e decora calçada,
mas se prefere silêncio.

E o poema escuta.

(Flávia Côrtes - julho de 2015)












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