Rio Riacho
Nasci numa cidade à beira-mar
encrustada entre montanhas
e com uma floresta no meio.
Isso garante uma umidade
quente e constante.
O verão goteja nas frontes
e o inverno
tem alguns dias ao ano
e só.
Quem não gosta de água
deve evitar morada no
Rio de Janeiro.
Não é nem que chova.
Na verdade,
quase não água por fora.
É que a cidade transpira.
Quem olha o ar em dezembro
enxerga o calor incolor
evaporado do asfalto
e denunciado em termômetros
e sabe
que os elevados graus descritos
são bem inferiores
à sensação térmica
de vulcão à sombra.
Julho mostra moças
de mangas compridas e shorts
passeando nas manhãs de domingo.
E a cidade acorda sob edredons
ainda que haja, frequentemente,
ar condicionado nos quartos
só para garantir o conforto
da manhã quase fria
nesse meio inverno.
As árvores mostram
orquídeas floridas.
Nas calçadas, folhas outonais
se recusam a ranger sob os passos.
É que numa cidade-água
amendoeira em julho
até veste por do sol
e decora calçada,
mas se prefere silêncio.
E o poema escuta.
(Flávia Côrtes - julho de 2015)
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domingo, 26 de julho de 2015
domingo, 5 de julho de 2015
Inquietude
Cansada demais para dormir.
Agitada demais para descansar.
Dispersa demais para trabalhar.
Flávia Côrtes
(Fevereiro de 2015)
Nota da autora: este escrevi em outro tempo... esperava o poema inteiro ainda, mas percebi que ele está inteiro. Nem sempre precisa de várias estrofes para se dizer o que há para dizer. Vi que faltava só o título... e coloquei hoje. :)
Cansada demais para dormir.
Agitada demais para descansar.
Dispersa demais para trabalhar.
Flávia Côrtes
(Fevereiro de 2015)
Nota da autora: este escrevi em outro tempo... esperava o poema inteiro ainda, mas percebi que ele está inteiro. Nem sempre precisa de várias estrofes para se dizer o que há para dizer. Vi que faltava só o título... e coloquei hoje. :)
Aprendizagens
Manhãs de inverno
não são feitas
de ar gelado
apenas.
Tem um tanto
de reflexão embrulhada
na preguiça desse edredom.
É que as minhas palavras
precisam de silêncio
para brotar.
Nesse silêncio-chão,
nessa quietude-sopro,
voam e germinam
pensamentos-palavras.
Viver o Agora
é mais que uma escolha
é compromisso pessoal
com a Possibilidade.
É que Nada mais vai ser
se o Agora não for.
E a Vida merece mais
do que um ser-sobrevivente,
espectador esperando Godot.
Eu descobri que aprendizados
são como cicatrizações sem pontos.
Só acontecem
quando de dentro para fora.
E se palavra não dita
ecoa por dentro,
a palavra dita e liberta
alforria a alma
de ruminar pretéritos
- sejam estes futuros
ou passados.
Agora
eu preciso ir.
Tem um dia novinho em folha
me esperando
logo ali.
(Flávia Côrtes - julho de 2015)
Manhãs de inverno
não são feitas
de ar gelado
apenas.
Tem um tanto
de reflexão embrulhada
na preguiça desse edredom.
É que as minhas palavras
precisam de silêncio
para brotar.
Nesse silêncio-chão,
nessa quietude-sopro,
voam e germinam
pensamentos-palavras.
Viver o Agora
é mais que uma escolha
é compromisso pessoal
com a Possibilidade.
É que Nada mais vai ser
se o Agora não for.
E a Vida merece mais
do que um ser-sobrevivente,
espectador esperando Godot.
Eu descobri que aprendizados
são como cicatrizações sem pontos.
Só acontecem
quando de dentro para fora.
E se palavra não dita
ecoa por dentro,
a palavra dita e liberta
alforria a alma
de ruminar pretéritos
- sejam estes futuros
ou passados.
Agora
eu preciso ir.
Tem um dia novinho em folha
me esperando
logo ali.
(Flávia Côrtes - julho de 2015)
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