Não cabe
Não cabe
na palavra "saudade"
toda a falta
de vocês.
Como pode um vazio
encher tanto assim o peito?
(Primeiro Natal sem minha Mãezinha. Que Deus me dê força.)
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- ► 2010 (163)
quarta-feira, 31 de dezembro de 2014
domingo, 21 de dezembro de 2014
Caligrafia
Num quarto, a criança dorme.
No outro, o homem dorme.
Na pia, dorme a louça.
E dorme, no tanque, a roupa.
Na sala, a poeta acordada
percorre versos de outra poeta.
A manhã passeia encantada
em seis
talvez oito
poemas.
A infância em flanela azul e chupeta
chega sonolenta e se aninha
no colo abaixo do livro.
Tem poema mais doce
que criança adormecida em colo junto ao livro?
"Mamãe, meu mamazinho..."
O dia acorda.
Mas não antes que o poema.
(Flávia Côrtes - dezembro de 2014)
quarta-feira, 10 de dezembro de 2014
Na madrugada tênue,
pequenos passos
leves e silentes
despertam olhos maternos
como não conseguem
despertadores nem alvoradas.
Que mistério é esse que une
teu despertar ao meu?
Na penumbra do quarto
olhos pacientes
agora despertos
esperam um sono
que não é meu.
A respiração
da criança aninhada
ainda é leve e conta
que ainda é cedo.
Um suspiro profundo
mostra o mergulho
no sono mais denso.
Meus olhos enfim pesam.
Que mistério é esse que une
meu sono ao teu?
(Flávia Côrtes - Dezembro de 2014)
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