Arrebentação
Esta tem sido
uma época de tsunamis.
E eu tenho estado submersa
boa parte do tempo.
Um dia
a calmaria te surpreende
e você se vê longe da areia
e em plena arrebentação.
Minúsculo diante
de uma enorme parede d'água
pensa nas possibilidades.
Descobri
nas praias da minha infância
que não adianta
correr de ondas gigantes.
Elas sempre te alcançam.
E você não vai querer
ser derrubado pelas costas,
sem fôlego e em fuga.
Saber nadar já não resolve.
Só há agora
fôlego e vontade.
Nesse dia, a gente descobre:
qualquer onda se reduz
à sua própria altura
quando você a encara de frente
e mergulha por dentro.
Não importa
o tamanho da onda.
Ela passa.
Acredite,
às vezes, precisamos
de correntezas mais profundas
para seguir mais longe.
(Flávia Côrtes - Agosto de 2014)
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sábado, 30 de agosto de 2014
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