Ele tinhas asas
e eu, às vezes, virava nuvem.
Eu dormia sono solto
quando ele me escrevia.
Eu telefonava
quando ele não estava.
Ele voava alto
e eu ainda era terra.
Eu virava nuvem
e ele já estava chão.
Mas os dois,
de formas diferentes,
saltavam no azul.
Ele de corpo inteiro e asas.
Eu de alma alada e pensamento solto.
Talvez por isso
nos reconhecêssemos.
Talvez por isso
seguíssemos serenos
no tempo
enquanto nossos ponteiros
se alinhavam.
Levávamos a tranqüilidade
dos que já se sabem.
O tempo nunca é só um " quando'
quando já se sabe um "ainda".
E o tempo já era tão nosso.
(Flávia Côrtes - fevereiro de 2014)