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segunda-feira, 29 de outubro de 2012


Mãos

A mão espalmada e lenta 
da mulher 
sobe pela  curva do quadril
e desce 
desenhando a própria cocha.

Conduz a mão da mulher
a lembrança de outra mão.

A palma sente 
o pelo da perna
eriçar.

E um verso rompe a noite.



(Flávia Côrtes - Outubro de 2012)

domingo, 28 de outubro de 2012


Manhãzinha.

Alvorada clareia pálpebra fechada
só para contar o céu
que começa a perder noite

Havia nuvens brincando de gaivotas.
E o dourado refletia nas asas delas
.
Este é o céu.

E a montanha
é esta.

Outubro de 2012


quinta-feira, 18 de outubro de 2012


Levada da Breca

Quando menina, era levada da breca.
Daquelas  que têm ventos nos tornozelos.

O tempo passou um pouquinho
e a menina levada da breca
decidiu ser levada a sério.

Moça, descalçou o pé de vento.

Mas salto alto é pouco
para menina acostumada
a nuvem.

Aí, fez de um livro trampolim
e buscou de volta o pé de vento.

Hoje, nem reclama 
se não a levam a sério.

Prefere mesmo
ser levada a riso
a menina
levada da breca.

Flávia Côrtes - Outubro de 2012
www.poetaflaviacortes.com.br

Para minha amiga Marisa Vieira.  A menina levada da breca.
Porque você é daquelas.  Daquelas que inspiram em verso.
Te vejo mais tarde, lá no pé de vento.

domingo, 14 de outubro de 2012



Combinação
Então, fica combinado assim...
É domingo.
E domingos merecem
Quintanas e varandas.

E tudo o mais que houver, nesta vida,
para ser feito ou resolvido,
pode esperar até que o Mário me diga este poema.


É só o tempo de um poema.
É só o tempo de uma canção.

Se te parece pouco, espia o infinito
que já se derrama dos meus olhos,
só de passear com o poeta por uns versos
nesta manhã cinzenta.

Quem foi que disse que domingos
não cabem inteiros
em meia manhã?

Pois se cabem em um poema...


(Flávia Côrtes - Outubro de 2012)
www.poetaflaviacortes.com.br


Textos devidamente registrados na Biblioteca Nacional e protegidos quanto aos seus direitos autorais.



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Maiores informações: contato@poetaflaviacortes.com.br
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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Cuco

E, de repente, 
hoje 
já é quase amanhã.

Muitas vezes eu já quis 
segurar o ponteiro no agora.

Mas, hoje, bom mesmo 
era deslizar o dedo pelas horas 
sem o relógio nem reclamar.

Antes do primeiro Tic, alvorada.
Imediatamente após o Tac, crepúsculo.

E pronto.
Está feito.

Outubro de 2012