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domingo, 23 de setembro de 2012



Pulsação

Meu olho repousa
na linha de teu pescoço
onde uma veia ainda pulsa
acelerada de mim.

E pulsa, também,
a entrelinha do poema.


(Flávia Côrtes - Setembro de 2012)

Textos devidamente registrados na Biblioteca Nacional e protegidos quanto aos seus direitos autorais.
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quinta-feira, 20 de setembro de 2012



Ciscos e Sopros

E havia aquela tristeza
que, às vezes, eu via
nublar o teu olho.

E que me dava uma vontade imediata
de fazer qualquer coisa
que a soprasse dali.


E eu te dava um beijo-sopro,
um roçar de lábios,
um bater de asas de passarinho,
e te soprava o cisco dos olhos.

Às vezes, o sopro virava sorriso.
Às vezes, furacão.

E se houvesse, então, ainda,
nos teus olhos, uma nuvem,
já era outra a nuvem.

Daquelas que turvam o horizonte,
enrouquecem a voz
e incendeiam em reflexo.

Foi assim que eu descobri
que beijos-sopros
não apenas espantam
ciscos e tristezas.

Às vezes, provocam furacões.


(Flávia Côrtes - Setembro de 2012)
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domingo, 9 de setembro de 2012



Vincent

E o Amarelo 
levou o tempo da criação do mundo
esperando pelos olhos de Vincent 
para ganhar
a eternidade.

Flávia Côrtes - Setembro de 2012
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sexta-feira, 7 de setembro de 2012


Olhos de Gata

Madrugada desperta.

Retinas habituadas à escuridão
ficam tão mais confortáveis na  noite
que a luz torna-se não apenas
desnecessária,
mas indesejada.

E eu, subitamente, felina,
enxergo tão mais na penumbra.

Longe da luz, não apenas vejo,
mas pressinto.

Inclusive aquilo
que eu preferia não ver.


Flávia Côrtes - Setembro de 2012
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