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sexta-feira, 30 de março de 2012

O Som do Poema

Imaginas que o som do poema
vibra apenas se o dizes?

Pensas que o som do poema
ecoa apenas no teu pensamento?

O poema crepita e pulsa
alinhado com a tua alma.

E te equipa como a um morcego.
Sintoniza o teu vôo cego.

Então, encosta teu ouvido aborígene
nesta folha-solo
e percebe o mundo ancestral
que o poema te traz.

Fecha os olhos.
Sente o sussurro
suave ou forte do poema
ecoando nas membranas
do teu pensamento.

Abre a mente.
Percebe que o poema
sintoniza a tua freqüência
com o timbre lírico do mundo
que vibra alheio a tua ocupada vida.

E não te preocupas com a racional certeza
de que o som não se propaga no vácuo.

Ainda que tenhas tido o meticuloso cuidado
de lacrar hermeticamente a tua alma,
o som do poema traz dentro de si
sabedoria de Kabbalah.

É por isso que, ainda que tenhas te perdido de ti,
o som do poema ainda sabe o caminho.
E te ecoa
em mágica viagem da Palavra.

Escuta.

(Março de 2012)

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