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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011


O meu verso... o seu verso... o nosso verso

E quando eu escrevo sobre o sentimento
E não sobre o fato
O poema ganha
Universalidade
E vira de todo mundo

Porque o sentimento
é igual
para todo o mundo

Ele só se veste de forma diferente
Nas diferentes vidas das pessoas
Nas diferentes situações
Em que nos encontramos
Todos

Pessoas
Iguais
Humanos

Janeiro de 2011

Vocação

Tuas pernas entrelaçando as minhas no sono
Tua mão me segurando a cintura
O livro do Rubem Braga me prendendo o pensamento
E o relógio avisando que está na hora

Por que manhãs de segunda-feira
Se vestem de domingo,
meu Deus?

Janeiro de 2011

Olhos em Luz

A bola dourada do sol
namorando nuvem
me prende retina.
Me cega em luz.

Não, eu não esqueci
que não se encara Sol
com olhos nus.

Escolhi olhar mesmo.

Janeiro de 2011
Sonolência

O dia me sussurra encanto
Me mostra desenhos de luz e sombra
em teto branco

Rubem Braga me conta causos
de Cajueiros e Amadas
Pernas entrelaçam travesseiros
E as horas
Me pesam pálpebras

Devaneio pela Palavra - Janeiro 2011

Neblina

Hoje a manhã nasceu com saudades de anteontem
Espalhando brumas ancestrais em volta da montanha
Para lembrar a história
Antes da história

Devaneio pela palavra - Janeiro 2011

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Exemplos

Meus pais me doaram muitas coisas nesses muitos anos de aprendiz. Sim, porque filhos são aprendizes. Com sorte, aprendizes de seus Pais. Se a Vida assim não permitir, aprendizes da Vida mesmo - que mais cedo ou mais tarde adota todos os filhos, de qualquer forma.

Não vou discorrer aqui sobre todo o riso, toda a serenidade, toda a eletricidade ou todo o amor que minha mãe imprimiu em mim em todos estes anos. Nem vou contar das lições de Humanidade pontilhadas nos meus dias desde sempre. Hoje, conto para vocês só do Exemplo Feminino.

Conto do tanto de mágico que foi ver, nos incontáveis dias de minha infância, aquela dona de casa se arrumando logo cedo: perfume, batom e vestido para o expediente de mãe e esposa.

Foi minha mãe que me ensinou, por exemplo, que perfume é algo que se passa porque é bom da gente mesma sentir o cheiro. Levou anos para eu perceber que a gota atrás da nuca nunca faltou.

Minha mãe, neste ano, faz 70 anos. E você pode chegar na sua casa a qualquer hora do dia que vai encontrá-la em lavanda e vestido. Os 40% de perda óssea que a Osteoporose roubou de seu esqueleto e os quase 50% de capacidade pulmonar que a Enfisema levou do seu fôlego a impedem de algumas coisas. Mas só algumas. Não consegue mais, por exemplo, curvar-se, depois do banho, para o ritual diário de lixa e creme nos pés.

Semana passada, meus pais vieram passar uns dias aqui em casa. E eu descobri que meu pai, aos 72 anos, cuida dos pés da minha mãe, com lixa, creme e conversa e, enquanto faz isso, leva nos olhos Lavanda.

Meu pai me doou muitas coisas nesses muitos anos de aprendiz. Hoje, eu contei para vocês só o Exemplo Masculino.

Janeiro de 2011

domingo, 2 de janeiro de 2011

Ensaio sobre o “Não"

Acontece que o meu
Não
é um tantinho
subversivo

Tenho um
Não Saber
Curioso

E um
Não Poder
Imprudente

Meu
Não Ser
É criativo

E o meu
Não Querer...
Ah, o meu Não Querer...

Este
Só conhece o limite
da minha Vontade

Não, não é preguiçoso
o meu
Não Querer!

Só que o pobrezinho
apaixonou-se, há anos,
pela minha Vontade

Derrete-se todo
ao primeiro sorriso dela

É só a minha Vontade
olhar para ele
e pronto!
O meu Não Querer
vira "nãozinho"!

Pois é,
de todos os meus
Nãos
o que me dá mais trabalho

É este
Apaixonado
Não Querer!

Janeiro de 2010