Viva ou Sobreviva
O mundo gira cada vez mais rápido.
Rápido demais, na verdade.
À beira do desequilíbrio.
Até que a gente aprende
a não perder o prumo.
Mesmo às custas do próprio rumo.
Olhos fixos em ponto único
previnem a vertigem
e evitam a queda.
Uma pirueta, duas piruetas…
E lá vamos nós em mais uma volta
dessa Roda Gigante.
Olhos fechados na descida
permitem alguns horizontes
na próxima subida.
O suficiente para você acreditar
que o chão não é o destino.
Aperte o cinto, passageiro.
Não olhe para baixo!
Muito menos para dentro.
Você pode não se reconhecer.
E isso ninguém quer.
Nem você.
Entretido que está
a ansiar horizontes.
Um dia, com alguma sorte,
a realidade arromba a porta.
Talvez a tempo de você se reconhecer
nos estilhaços da surpresa.
Pois é, Sobrevivente,
nem tudo que se vê
é aquilo que a gente enxerga.
Flávia Cortês
Dezembro de 2025
