Muito Minha
Sobrinho é algo fantástico de se ter. A gente segura pela primeira vez
e se apaixona. E apaixona antes mesmo de saber como vai ser.
Deve ser porque é algo como ter filho sem precisar gestar os nove meses.
Com a Rafaela foi assim. Paixão a primeira vista.
Eu lembro de ficar olhando pelo vidro na maternidade e não querer sair dali nunca mais... vontade de ficar olhando para sempre.
E isso foi bem antes dela se tornar isso tudo que ela é hoje.
Dá para resumir isso tudo em uma folha ofício? Não sei não.
Como é que eu conto em uma folha ofício o dia em que, aos sete anos, me confidenciou: "Tia Flávia, este ano eu vou mudar a minha vida". E eu: "É mesmo, querida? O que você vai fazer?". E ela: "Vou ser cantora". (E ela achou o Coral e foi lá ser cantora.)
E como eu conto,numa folha ofício,o dia em que ela me ligou para eu ensiná-la como fazer um poema? E sobre a caneca com desenhos do que "só uma Tia faz"? E sobre as fotos "selfies" tiradas juntas? E, ainda, sobre as inúmeras vezes que ela me desembaraçou os cabelos e penteou? E sobre as conversas quase adultas desde que aprendeu a falar? E sobre a surpresa que me fez cantando no lançamento do meu livro?
Como é que eu conto esses 14 anos em que você está por aqui brilhando?
Não vai caber aqui, não, Passarinha.
Uma vez você me perguntou porque eu te chamo de Passarinha. Você era muito pequena. Tinha uns 6 anos. Não sei se lembra disso.
A resposta ainda é a mesma: porque você é linda e livre.
Amo você, querida.
(Flávia Côrtes - Setembro de 2015 -
hoje só Tia Flávia)
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sexta-feira, 18 de setembro de 2015
sábado, 12 de setembro de 2015
Caso, Descaso ou Acaso
Talvez fosse o caso
da gente ser mais
convencional.
Fazer algumas coisas
independentes.
Fingir que está
tudo bem.
Não dizer,
deixar para lá.
Talvez fosse mesmo o caso
da gente ser menos
passional.
O caso
é que para a gente ser
um pouco mais assim
como todo mundo,
teria que ser
um pouco menos.
É esse o caso.
(Porque é que a gente
sempre diz
tudo?)
Flávia Côrtes
Setembro de 2015
Talvez fosse o caso
da gente ser mais
convencional.
Fazer algumas coisas
independentes.
Fingir que está
tudo bem.
Não dizer,
deixar para lá.
Talvez fosse mesmo o caso
da gente ser menos
passional.
O caso
é que para a gente ser
um pouco mais assim
como todo mundo,
teria que ser
um pouco menos.
É esse o caso.
(Porque é que a gente
sempre diz
tudo?)
Flávia Côrtes
Setembro de 2015
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