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sábado, 24 de julho de 2010
Enluarada
lua cheia
beijos orvalhados
espalhados em pele
branca
me deixa assim
enluarada
sopro leve no pescoço
para provocar ventania
prenúncio de chuva
vendaval
tempestade ecoa
resoa
e o que
começa em um
percorre o outro
vai em vontade
volta em suspiro
vai em arrepio
volta em desejo
olho no olho
pele sobre pele
palavra sobre palavra
lua cheia
e eu assim
enluarada
Julho de 2010
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Céu de Algodão Doce
Gosto tanto quando a manhã vem vestida de azul clarinho. É quando o céu está todo azul, mas o dia espalhou no ar uma névoa branca, bem suave, que é para o sol passar fácil por ela.
O ar, nesses dias, ganha um tom azul claro... igual a algodão doce quando começa a desprender do tabuleiro. É como se o céu emprestasse ao ar parte do azul só para encher olhos poetas de manhã bem cedo na varanda.
Manhãs assim convidam a gente a provar o dia devagarinho... deixando a vida derreter suavemente... e nos enchendo de doçura. Eu chamo isso de Céu de Algodão Doce. E é bem bonito.
Julho de 2010
domingo, 18 de julho de 2010
E você? Acredita em amores para sempre?
Dia desses me perguntaram se eu acreditava em amores para sempre. Eu juro que parei uns minutinhos pensando se respondia ou não.
É que já cheguei à conclusão que esse tipo de assunto é quase como falar de política ou religião. Ninguém consegue chegar a um consenso e ninguém convence ninguém. E, invariavelmente, as pessoas se estressam tentando mudar a opinião do outro.
Mas, enfim, como gosto de conversar, lá fui eu mais uma vez, discutir se o mar é azul-esverdeado ou verde-azulado.
Se for só conceito, pode anotar aí que acredito, sim, em amores para sempre.
Não. Não é impressão sua. Você viu um “mas” impregnando a frase.
O fato é que tenho a convicção de que tudo na vida acaba um dia – inclusive o amor. Mas também acho que algumas pessoas podem conseguir fazer acontecer de durar tanto tempo que elas próprias acabam antes do sentimento acabar.
Sim, o termo é esse mesmo. Fazer acontecer.
Como assim?
Tudo bem, ninguém apaixona porque quer ou por quem quer. Apaixona ou não. E pronto. Nisso concordamos.
Mas estou completamente convencida que, para fazer um amor durar mais do que a vida da gente, não adianta ir vivendo. Os dois precisam fazer com que isso aconteça. E fazer desde o princípio... desde o primeiro dia. Porque pode anotar aí: o que você acha fofo na primeira semana vai te irritar profundamente ao término do primeiro ano.
Você conhece a pessoa. E, incrivelmente, inexplicavelmente, o tempo para. E isso é raro, mas muito raro mesmo. Aí, vocês saem juntos duas ou três vezes. E, surpreendentemente, o encanto permanece.
Só que na terceira ou quarta vez que vocês saem... pode anotar aí, raramente passa da quarta vez, a pessoa:
1. resolve implicar com os seus amigos
2. reclama do horário que você trabalha
3. se ressente da atenção que você dá a sua família
4. quer se mudar para a sua casa
5. todas as alternativas anteriores
No início, acontece de forma muito sutil. E, sem perceber, você vai deixando. Aí, quando vê, o que era uma insinuação vira exigência. Pronto! Não há paixão que sobreviva ou amor que resista. Mas, só para lembrar, foi você que deixou, está bem?
A coisa toda começa das formas mais variadas.
Por exemplo, você entra no MSN à meia noite e, ao invés de um “boa noite”, a janelinha traz um "onde você estava até essa hora, amor?". A paixão te faz pensar: “Que fofo isso... se preocupa comigo”. Acredite, se isso seguir desta forma, daqui a um ano esse ser humano vai querer controlar o que você come.
E qual a solução?
Correr? Tá, isso também resolve.
Mas se o tempo parou para vocês, pode valer a pena colocar o seu limite, não acha?
Como fazer isso sem magoar?
Eu não faço a menor idéia. Não tem receita. Só sugiro que jamais conversem sobre essas coisas quando um dos dois estiver irritado. Tirando isso, entre falar e não falar, a primeira opção é sempre a melhor. Até porque vai acontecer de novo. E aí vai incomodar em dobro. Melhor resolver agora, pode acreditar.
Ah, e “falar” quer dizer pessoalmente. Ou, pelo menos, por telefone. Conversar essas coisas por e-mail ou MSN é calamitoso. Palavra escrita não tem tom de voz.
Eu não vou cansar vocês com outros relatos das situações cotidianas que fazem com que eu ache tão improvável o “para sempre” no amor.
Todo mundo quer apaixonar. E até se apaixona. Mas para virar amor... bem, tem que conseguir passar por todas essas pequenas provas cotidianas sem perder o encanto. E isso é tão difícil. Porque não tem receita. O que funciona para um não funciona necessariamente para o outro. E o que funcionava naquele outro amor, não vai necessariamente funcionar com este amor que a vida te presenteou hoje.
Como assim aquele outro amor?
Sim, eu acredito que podemos amar mais de uma vez na vida. E com a mesma intensidade e verdade. E não me olhe assim... eu disse que o assunto era polêmico.
Ah, e, por favor, não me peça para classificar amores em ordem de importância. Cada um é único. As chuvas de julho, que polvilham o ar por dias seguidos com uma cortina em movimento, não são menos bonitas que as torrenciais águas que nos surpreendem no meio das tardes de março. Nem são menos chuva.
Enfim, voltando ao nosso assunto... “amores para sempre”... você acha mesmo que esse verbo tem som de horizonte à toa?
Amar é onda. Inclui o de novo. O novamente. Amar é aberto. Inclui o profundo. O que não se entende. Inclui saber que por mais fundo que você vá, vai ter sempre uma parte do outro que não vai conhecer. E inclui entender que parte do encanto é justamente este.
Só para constar. Eu não sei nadar. Mas nunca deixei de ir até depois das ondas por conta disso. E, em passeios de barco, acho simplesmente irresistível saltar da proa em mar aberto.
Então é isso. Acredito, sim.
Julho de 2010
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Dois em Cena
Não, eu não me preocupo que seja para sempre.
Se tiver mesmo que colocar advérbio
nesse verbo com som de horizonte,
que seja de intensidade
e não de tempo.
Prefiro que me queira.
Todo dia,
de novo
e novamente.
Da mesma forma
ou diferente.
Mas que não me queira
mais ou menos,
meio por acaso,
meio sem querer.
Que me queira muito.
E que me queira bem.
Não, eu não procuro um amor de cinema.
Não acho que amores combinem com roteiros.
Mas tampouco me encantam
essas modernas paixões em minissérie.
Prefiro que me faça
encantadora
e encantada.
Que dispense palco e ribalta.
Em cena, só querer.
Ao vivo.
Em arena plena de nós dois.
Textos
devidamente registrados na Biblioteca Nacional e protegidos quanto aos seus
direitos autorais.
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Poesia Falada: Confira tudo sobre o CD no link Verso em Voz
Poesia Falada: Confira tudo sobre o CD no link Verso em Voz
Maiores
informações: contato@poetaflaviacortes.com.br
======================================================segunda-feira, 5 de julho de 2010
Convocando Reforços!
Arcanjo,
Querubim,
Serafim...
...ai de mim!
Anjo do Senhor!
E da Senhora?
Minha virgem tem anjos?
Ou são todos dela?
Então, minha Maria,
envia logo suas legiões
que, nessa manhã,
o poeta
me mandou versos.
E, logo hoje, que eu estou assim desse jeito...
Envia logo
dois mil e quinhentos reforços
ao meu pobre Anjo da Guarda
que, hoje, eu não respondo por mim.
E já tem um tempo
que o poeta
já não responde por ele.
Flávia Côrtes – Julho de 2010
www.poetaflaviacortes.com.br
Textos devidamente registrados na Biblioteca Nacional e protegidos quanto aos seus direitos autorais.
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sábado, 3 de julho de 2010
Verso em Voz
Voz
Sopro que sai pela garganta
traz de dentro
parte da essência
Minha palavra
inteira
precisa
voz
olho
respiração
a palavra
dita
não lida
decorada
o verso
conversado
contado
em ritmo
intenso
ou
então
segredado
suave
em sussurro
às vezes
um sorriso
misturado
som da respiração
tom da voz
incorporados ao poema
como mais um verso
Meu verso tem fome de voz!
Julho de 2010
quinta-feira, 1 de julho de 2010
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