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segunda-feira, 29 de março de 2010


Gosto de estar com você...


Mas cadê a urgência?
Cadê você me invadindo o pensamento?
Cadê sua voz ecoando dentro de mim?
Cadê seu cheiro em mim?

Sim, você me traz sorrisos...
Mas onde estão os suspiros?

Ah, vai... não me diz que é só comigo...
Sou mulher
A gente sabe essas coisas

Sinceramente...
Quero alguém que simplesmente precise
Falar comigo, estar comigo, me respirar
Alguém que me transborde

Não te quero um amigo
Eu já tenho amigos
Amigo é uma pessoa que ama você
E que você não tem vontade de dar para ela
Meus amigos não me comem, amor

Março de 2010

domingo, 21 de março de 2010


Toda palavra gosta de eco

Por isso, todo poema é mil vezes um poema

A primeira antes de virar sentimento
A segunda quando brincou com a vontade do poeta
A terceira quando dançou em volta dele... resolvendo se vestia verso
Na quarta, se esparramou em papel
Na quinta, pediu voz

Eclosão em som

Novos rumos
Novas respirações
Novos anseios
Significados
Sorrisos
Suspiros
Sussurros

Olhar alheio
Espelho
Eco

Acho mesmo
Que poemas nascem
Por pura vontade da palavra
De encontrar eco

Março de 2010

Num minuto, aninhada no teu abraço.
No outro, toda asa sobre ti.

Agora faço, decido, resolvo.
E já, já, quero só o teu colo.

Navego sem rumo, prumo, farol.
Só porque sei do teu porto.

Sigo me alternando e intercalando
Às vezes por vontade, às vezes por necessidade.

Ah, vai, não me olha assim... bem gosta de me ver outra.

Devaneio pela Palavra
Março de 2010

terça-feira, 16 de março de 2010


Universos Feminino e Masculino – precisam mesmo ser paralelos?


Recebi hoje um texto de um amigo dissertando sobre incoerências, constâncias e inconstâncias femininas... discussão pertinente neste ano em que O Dia da Mulher teve realmente destaque nas conversas que ouvi no escritório, em restaurantes, em crônicas e entrevistas... um tantinho mais até que em outros anos.

Compreensivelmente, o texto que recebi expressava certa irritação com as feministas de plantão nesse moderno século vinte e um... e alguma natural incompreensão com as incoerências e pluralidades femininas.

Compartilho com meu amigo a opinião sobre o Feminismo – que já teve seu papel em outros tempos, certamente. Mas que chega aos dias de hoje, pelo menos no ocidente, não apenas sem função como também como algo absolutamente irritante. Que me perdoem as feministas, mas prefiro ser feminina. E, antes que centenas de mulheres me achem louca, aproveito para afirmar que não é apenas o Feminismo que me irrita... mas todos os outros “... ismos” a que apropriadamente intitulamos “correntes de pensamento”. Bem, meu pensamento vive muito melhor sem correntes.

Quanto à pluralidade... acho isso uma coisa boa.

Claro que não estou falando aqui de atitudes incoerentes de mulheres inseguras e carentes. Para tais atitudes, peço a todos alguma compreensão com a insegurança e carência humanas, que devem motivar igualmente incompreensíveis atitudes masculinas. Por favor, rapazes, não rotulem a todas nós mulheres de incoerentes e inconsistentes porque encontraram alguns seres humanos inseguros em seu caminho. Prometo a mesma condescendência com o equivalente masculino.

Relevemos, portanto, os desatinos desses seres humanos, homens e mulheres, que vagam pela vida procurando a felicidade com uma fôrma na mão... como se gente se encaixasse tão bem assim em quadradinhos pré-concebidos, pré-sonhados, pré-definidos. Pai, eles não sabem o que procuram.

Exercitemos, juntos, um olhar mais condescendente e curioso sobre o outro. Sejamos, todos nós, apenas seres humanos normais, agindo e reagindo de acordo com o instinto e vontade, norteados por valores e sentimentos.

Não estou falando em inconstância!

Falo da liberdade de poder ser de acordo com a intenção, de acordo com a confiança que temos no outro. Bem, se o outro muda, porque nossas reações deveriam ser exatamente as mesmas sempre?

Falo em viver de acordo com a situação. E, se as situações mudam, por que nossas atitudes precisariam ser exatamente iguais?

Falo em seguir de acordo com a nossa vontade e com respeito ao outro e a nós mesmos. E, se nossas vontades mudam, como poderíamos agir exatamente da mesma forma sempre?

Permitamo-nos, portanto, não como homem ou mulher, mas como seres humanos, a pluralidade.

Por que achar estranho que homens adorem comemorar e competir juntos e que se batam e se xinguem, no calor da competição... para, em seguida, sentarem-se, dando risada entre uma cerveja e outra? Só porque, se duas de nós alterarmos a voz uma com a outra, como os vemos fazer em jogos, nunca mais seremos as mesmas juntas? Somos diferentes... que bom.

Por que estranhar que um homem queira uma mulher feminina e romântica, mas que também goste de ser seduzido, instigado, provocado? Se também queremos fazer amor dando beijo na boca e olhando nos olhos... e adoramos ouvir bobagens no ouvido e transar de roupa e tudo em cima da mesa da sala. Somos semelhantes... que bom.

Por que achar esquisito que eles não gostem de perguntar o caminho? Só porque nosso senso de direção inexiste e algumas de nós conseguem se perder até dentro do estacionamento do shopping? Somos diferentes... que bom.

Gostamos sim de ser protegidas e cuidadas... ainda que não precisemos, no cotidiano, que nos cuidem. Eles gostam, sim, de serem cuidados em pequenos gestos cotidianos, ainda que não precisem. A gente cuida e se deixa cuidar não por necessidade, mas por carinho, por vontade. Cuidar, como deixar-se cuidar, é ato de entrega ao outro. Somos semelhantes... que bom.

Gostamos, sim, que se preocupem se chegamos bem em casa, diferente deles, que odeiam isso. E, exatamente como eles, nos irritamos quando controlam a hora em que chegamos ou deixamos de chegar, quando ultrapassam a tênue linha entre o zelo e a desconfiança. Somos semelhantes... que bom.

Então, despeço-me hoje fazendo minhas as palavras de meu amigo, e desejando a todos dias de união e aceitação entre homens e mulheres.

E completo: exercitar a aceitação e troca, acreditem, pode ser interessante e divertido. E, sob o olhar de quem te aceita, ainda que não te entenda, todos nós somos sempre mais livres e felizes.

Março de 2010

domingo, 7 de março de 2010


Receita de Domingo Gostoso

Coloca teu vestido mais estampado e tua sandália mais confortável. Escolhe teu perfume mais floral. Enfeita teu cabelo dos cachos mais soltos e teu rosto do sorriso mais livre. Depois, se leva pra rua pra ver verde que não nasça em vaso, sentir ar que não seja condicionado e assistir passarinho beijar flor. Misture tudo isso com alguns amigos escolhidos na primeira lembrança que o dia trouxer. Almocem em “qualquer lugar que der vontade”... que é um lugar super legal de ir. Deixe o dia seguir borbulhando entre risadas, carinhos, assuntos e silêncios. Pronto. Agora é só saborear.

Março de 2010

quarta-feira, 3 de março de 2010


Ah, minha amiga,
Não me peça conselho
Não me peça receita
Não me diz para te segurar

Quem sou eu para impedir

Se eu própria
Já vi
E revi
E revi
Cada um dos meus pretéritos

Quem sou eu para dizer

Se eu mesma
Conheço
De cor
Sem pudor da dor
O fundo de todos os meus poços

Então, querida
O que eu posso dizer?

Leva o meu desejo mais feliz
E vai.

Fevereiro de 2010